Datena: "Se eu fosse policial, não iria para a rua nem por Bolsonaro nem por Doria"

Para o apresentador, o presidente e o governador "não fizeram nada do que prometeram" à categoria

da Redação

O apresentador José Luiz Datena, pré-candidato à presidência nas eleições de 2022 pelo PSL, disse nesta quinta-feira (26) em entrevista ao UOL retransmitida pela Rádio Bandeirantes que, “se fosse policial, não iria para a rua por Jair Bolsonaro nem por João Doria”. A afirmação veio ao comentar a punição anunciada pelo governador a um coronel que havia feito convocações para os atos bolsonaristas do próximo dia 7 de setembro. 

“Quem merecia uma punição exemplar era o Doria por uma série de bobagens que ele fez durante o governo dele. Acho que policiais, não só militares, não deveriam se meter com política. Todo mundo em São Paulo está insatisfeito com o governador, ele não fez nada pelas polícias. A revolta é contra ele, não é a favor do Bolsonaro. O presidente também não levantou uma palha por eles. Não cumpriu quase nada que prometeu aos policiais", disse. 

“Se eu fosse policial, não iria para rua nem por Bolsonaro nem por Doria em momento nenhum. Militar tem que cumprir o papel dele de defesa da sociedade (…). É a mesma coisa com as Forças Armadas. Elas têm papel de Estado, não de governo. Já conclamei os comandantes militares a não fazerem essa bobagem de aderir a esse ou àquele”, completou.

No início desta semana, o governo de João Doria afastou o coronel Aleksander Toaldo Lacerda de suas funções à frente do Comando de Policiamento do Interior-7. O policial vinha utilizando as redes sociais para convocar amigos a participarem dos protestos de 7 de setembro, organizados por bolsonaristas para angariar apoio ao presidente em meio à crise com outros Poderes.

Datena ressaltou que não acredita que policiais e Forças Armadas pudessem aderir a qualquer tipo de “atividade golpista” e nem que o próprio presidente esteja planejando, de fato, um golpe de Estado. O que mais preocupa, segundo ele, é o “clima de caos" que pode ser gerado. 

“Estamos esperando pela data da independência. É uma data importante, deveríamos estar comemorando. Não sou contra grupos de direita irem para as ruas defender o Bolsonaro. Sou contra, na verdade, por causa da aglomeração, já que a pandemia não acabou. Mas tudo bem, a Avenida Paulista fica para a direita, o Vale do Anhangabaú fica para a oposição. Só que tem que ter diálogo no meio do caminho, não ódio. Imagina se um maluco qualquer pega uma arma e mata alguém no dia 7 de setembro? Como vão controlar o país?”, questionou. 

Datena candidato em 2022?

O apresentador voltou a comentar a possibilidade de desistir de participar das eleições de 2022, como já aconteceu em anos anteriores. De acordo com ele, houve motivos para recuar de candidaturas no passado, o que não há “até o momento”. 

“Hoje eu poderia ser prefeito de São Paulo. O Ricardo Nunes está aí porque rejeitei a disputa, depois de ter acertado uma chapa com Bruno Covas. Como o entorno não estava legal, caí fora. Nas outras tentativas também tive motivos para recuar. Por enquanto, até agora não tive nenhum.”

“Dessa vez tenho convicção. Já fui lançado pré-candidato pelo PSL à presidência da República. Seria ótimo, gostaria de disputar, mas tem espaço também para Senado e governo de São Paulo."

O que definirá qual cargo o apresentador irá disputar será a intenção de votos que conquistar nas próximas pesquisas. 

"Estou esperando. Ao contrário do presidente, confio para caramba em pesquisa. Nas últimas, saí com números que me projetaram para ser uma terceira via ou para compor uma chapa para combater a polarização. Mas não adianta ser mané. Se eu tiver 3% contra 40% do Lula, 35% do Bolsonaro e 15% do Ciro, para quê vou disputar, sem chance de ganhar? Por outro lado, se eu tiver de 7% a 10%, não tenha dúvida que vou para cima.”

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