A senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos (MDH), disse que relatos sobre crianças que supostamente tiveram dentes arrancados para não morderem exploradores durante sexo oral foram ditos por moradores do Marajó e regiões de fronteira do Brasil.
“Essa coisa de que as crianças, quando saem, saem dopadas e os seus dentinhos são arrancados onde elas chegam a gente ouve nas ruas, na fronteira. Na CPI, lá atrás, já se falava de que forma essas crianças são traficadas. Elas ficam dopadas por 24 horas. Elas são levadas em caixas, sacos. Todo mundo, na fronteira, fala”, disse Damares, em entrevista à Rádio Bandeirantes, nesta quinta-feira (13).
Base em inquéritos, diz Damares
A senadora eleita também pontuou que a fala dela sobre tráfico de crianças e exploração sexual de crianças, durante pregação em igreja, são baseadas em relatórios do Ministério Público e de três comissões parlamentares de inquérito (CPI) sobre o tema. A ex-ministra negou que descobriu algo e não denunciou.
“Então, dizer que Damares descobriu e não denunciou é ao contrário. Damares anunciou o que já estava denunciado em três CPIs e pelo Ministério Público do Pará, que já investiga, há muitos anos, a exploração e o tráfico de crianças”, continuou a senadora eleita.
Damares também pontuou que, assim que tomou posse no MDH, ampliou o Disque 100 (ouvidoria contra crimes que ferem os direitos humanos) para regiões carentes do Norte brasileiro, o que inclui o Marajó e até embarcações. A senadora eleita ainda alegou que todas as denúncias que chegavam à ouvidoria, as quais disse não ter acesso, foram encaminhadas para os órgãos de investigação.
“Tudo o que chegou à ouvidoria nacional foi devidamente encaminhado ao Ministério Público. Quando assumimos, nós fizemos acordo de cooperação técnica com todos os Ministérios Públicos da fronteira e o Ministério Público Federal. As coisas que chegam à ouvidoria a ministra não têm acesso”, salientou a ex-ministra.
MPF e MP fazem cobranças
Na última terça-feira (11), o Ministério Público Federal requisitou todos os casos de denúncias recebidas pelo MDH, em trâmite ou não, nos últimos sete anos (2016-2022), envolvendo tráfico transnacional de crianças e estupro de vulneráveis. Também foi solicitado que a pasta informe quais medidas tomou após tomar conhecimento das denúncias ditas por Damares na igreja.
Já o Ministério Público do Pará, na última quarta-feira (12), deu um prazo de cinco dias para Damares enviar todas as provas dos crimes contra menores citados no Marajó. O MDH, porém, disse que as falas da senadora eleita se embasam em inquéritos e em CPIs sobre exploração sexual infantil e pedofilia.