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CPMI: ex-Abin diz que informou G. Dias sobre risco de invasão aos Poderes

Saulo Moura da Cunha, ex-diretor da Abin, deu a declaração em depoimento à CPMI do 8 de janeiro nesta terça-feira (1º)

Da Redação com Agência Senado

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Edilson Rodrigues/Agência Senado

O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, disse em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), na sessão desta terça-feira (1º), que o então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, foi informado sobre o risco de ataque às sedes dos Três Poderes. 

A relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), questionou sobre quando o general, conhecido como G. Dias, teria recebido os primeiros alertas sobre a possibilidade de ataques às sedes dos Três Poderes. Em junho, durante depoimento à CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o ex-ministro-chefe do GSI disse que não havia sido informado sobre o risco de confrontos.

Cunha contestou as declarações do militar. Segundo o ex-diretor, os primeiros informes a G Dias começaram a ser enviados na manhã de 8 de janeiro por meio de um aplicativo privado de mensagens. No início da tarde, antes dos ataques, os dois teriam conversado sobre o assunto por telefone.

“O primeiro contato por WhatsApp foi por volta de 8h. Ele (Goncalves Dias) responde dizendo: ‘Acho que vamos ter problemas’. Eu continuo encaminhando as mensagens e, por volta de 13h30, falo com o ministro e passo esta preocupação: ‘Temos a impressão, temos já uma certa convicção de que as sedes dos Poderes serão invadidas e haverá uma ação violenta contra esses prédios’. O general G Dias obviamente não estava recebendo informações apenas da Abin. Não posso afirmar por que ele agiu ou deixou de agir”, afirmou o ex-diretor da agência.

Adulteração

Questionado por Eliziane Gama, o ex-diretor-adjunto da Abin negou que tenha adulterado um relatório enviado à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional com alertas sobre os ataques de 8 de janeiro. 

Segundo a parlamentar, o documento é diferente de outro relatório sobre o mesmo assunto remetido à Procuradoria Geral da República (PGR). No primeiro, a agência omitiu alertas enviados diretamente ao celular do general Gonçalves Dias.

Cunha admitiu que elaborou os dois relatórios. Mas disse que a decisão de retirar do primeiro documento os alertas enviados ao general Gonçalves Dias partiu do próprio chefe do GSI, que tinha a prerrogativa de definir quais informações seriam difundidas pela Abin. O ex-diretor, no entanto, nega que tenha havido adulteração.

“Não adulterei. Fiz o primeiro em uma planilha que continha os alertas encaminhados pela Abin a grupos e continha também os alertas encaminhados por mim pessoalmente, pelo meu telefone, para o ministro-chefe do GSI. Entreguei essa planilha ao ministro, e ele determinou que fosse retirado o nome dele dali porque ele não era o destinatário oficial daquelas mensagens. Que ali fossem mantidas apenas as mensagens encaminhadas para os grupos de WhatsApp. Ele determinou que fosse feito, e eu obedeci a ordem”, afirmou. 

Saulo Moura da Cunha classificou os ataques como “eventos lamentáveis”. Ele afirmou que, entre os dias 7 e 8 de janeiro, o Distrito Federal recebeu 130 ônibus com mais de 5 mil passageiros, alguns deles apontados como “radicais extremistas”.

O ex-diretor da Abin deixou o cargo em março deste ano. Ele depõe à CPMI amparado por um habeas corpus. Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), Saulo Moura da Cunha não precisa responder a questionamentos sobre informações que tenha conhecimento por força de sigilo profissional.

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