O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello é ouvido pela CPI da Pandemia nesta quarta-feira (19), no depoimento mais esperado até aqui da comissão do Senado Federal. A sessão foi retomada após paralisação. Assista ao vivo acima.
Amparado por uma decisão judicial do ministro do Ricardo Lewandowski, do STF, o general da ativa poderá permanecer em silêncio durante o interrogatório. Convocado como testemunha, Pazuello é investigado por supostas omissões na crise do coronavírus em Manaus, que sofreu com a falta de oxigênio hospitalar.
O processo aberto no STF foi enviado para a Justiça Federal do Distrito Federal e o ministro Lewandowski aponta que o militar tem o direito de não produzir provas contra si próprio.
O habeas corpus foi impetrado pela Advocacia Geral da União, que defende Pazuello por ele ter sido servidor público no período em questão. O ex-ministro da Saúde ocupou o Ministério por dez meses, o maior tempo entre os ocupantes da pasta no período da pandemia. O general será acompanhado por um membro da AGU.
No Twitter, o marqueteiro Markinhos Show, que assessora Pazuello, afirmou que o ex-ministro está pronto para “responder qualquer pergunta na CPI.” Ele afirmou ainda que o advogado da União Diogo Palau preparou o general para o depoimento.
Pela ordem, o ex-ministro fará considerações iniciais por 15 minutos. Depois, é a vez das perguntas do relator, o senador do MDB Renan Calheiros. Na sequência, falam os parlamentares inscritos. Os senadores têm 15 minutos cada para as perguntas e a fila das falas segue a ordem de inscrição.
Já para quinta-feira (20), está marcado o depoimento da médica Mayara Pinheiro, conhecida como "capitã Cloroquina". Ela também recorreu ao Supremo para poder ficar em silêncio, mas teve o pedido negado.
Quem já foi ouvido na CPI
Na última terça-feira (18), o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foi questionado pelos senadores. O antigo chanceler afirmou, entre outras coisas que jamais promoveu atritos com a China, “seja antes ou durante a pandemia”. A fala irritou Omar Aziz (PSD-AM), presidente da comissão, que o lembrou estar sob juramento em falar a verdade. Ele também confirmou intermediou negociações com a Índia para a importação de insumos para a produção da hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra o coronavírus defendido por Jair Bolsonaro.
Araújo ainda disse que não informou Bolsonaro sobre a carta da Pfizer que pedia celeridade na decisão sobre a compra das vacinas. Ele explicou que acreditava que o presidente já sabia sobre correspondência.
Na quinta-feira (13), o ex-presidente da Pfizer do Brasil e atual presidente da América Latina disse em depoimento à CPI que o governo federal ignorou três propostas para o fornecimento de vacinas. Duas dessas propostas prometiam o fornecimento de 1,5 milhão de doses ao país ainda em 2020. Segundo ele, a farmacêutica fez seis propostas de venda ao Brasil, mas apenas na sétima o governo fechou o primeiro contrato, em 8 de março de 2021.
Na terça (11), o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, foi ouvido e confirmou que houve sugestão de mudança da bula da cloroquina em reunião no Palácio do Planalto. Ele também disse que a agência alertou o Ministério da Saúde contra o uso profissional das máscaras KN95, não apropriadas para uso de profissionais da linha de frente da saúde.
Na primeira semana de trabalhos, a comissão ouviu os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich e o atual líder da pasta, Marcelo Queiroga.
Mandetta disse, entre outras coisas, que Bolsonaro tinha “assessoramento paralelo” sobre ações contra a covid-19.
Já Teich disse que a falta de autonomia e pressão por cloroquina motivaram sua saída da pasta.
Já o atual ministro irritou alguns senadores durante seu depoimento na CPI da Pandemia ao se recusar a dar respostas claras sobre o tratamento precoce com hidroxicloroquina. A comissão já pediu uma nova reconvocação de Queiroga à comissão.