À CPI, advogada cita pressão a médicos da Prevent Senior para indicação de 'kit Covid'

Bruna Mendes Morato diz que funcionários da operadora de saúde sofriam punições caso não adotassem os medicamentos

Da Redação

Bruna Mendes Morato diz que funcionários da operadora de saúde sofriam punições caso não adotassem os medicamentos
Edilson Rodrigues/Agência Senado

Em depoimento nesta terça-feira (28) à CPI da Pandemia, a advogada Bruna Mendes Morato afirmou que diversos médicos vinculados à Prevent Senior sofriam represálias por parte da empresa por não indicarem o chamado “tratamento precoce” contra a Covid-19.

Bruna representa médicos que denunciaram a prática da operadora de saúde, investigada pela Comissão. O tratamento em questão incluía medicamentos como hidroxicloroquina e azitromicina, cuja eficácia no tratamento da doença foi descartada em diversos estudos.

“Inúmeros profissionais foram coagidos. Alguns tiveram chamada a atenção. Eles eram repreendidos na frente dos colegas. Outros profissionais foram demitidos”, afirmou a advogada, que listou ainda a redução de plantões dos médicos em questão como uma medida adotada pela Prevent como forma de punição econômica.

“Se você não demonstrasse lealdade aos preceitos da empresa e obediência àqueles protocolos que eram apresentados, você sofria punições”, assegurou.

Ainda de acordo com a depoente, os estudos com o tratamento aproximaram a Prevent Senior do governo federal.

“Pelas informações que me foram passadas, essa era uma consequência. A aproximação já havia sido feita quando ela se propôs a fornecer dados que fossem favoráveis ao tratamento preventivo, ou tratamento precoce”, descreveu.

O tratamento de Regina Hang

Entre os pacientes que receberam o tratamento, segundo a advogada, estava a mãe do empresário Luciano Hang, Regina.

Durante o depoimento, Bruna Morato afirmou que teve acesso ao prontuário médico que mostrou que ela recebeu o tratamento, embora o documento não registrasse autorização – assim, não há como oficializar que a família tinha ciência do uso dos medicamentos.

Regina Hang morreu em 4 de fevereiro de 2021, aos 82 anos. O empresário deverá ser ouvido pela CPI nesta quarta-feira (29).

Ainda de acordo com a advogada dos médicos, a Prevent Senior enviou o chamado “kit Covid” aos beneficiários, sem que houvesse prescrição médica. As receitas médicas eram padronizadas e usadas para todos os pacientes. O kit poderia ter ainda outros medicamentos.

A advogada afirmou ainda que, após a divulgação das denúncias dos médicos, em abril, seu escritório foi invadido por uma quadrilha “muito bem estruturada”. O bando teria duplicado o IP das câmeras de segurança para deixar o sistema de vigilância vulnerável por quatro dias. Na invasão, foram levados apenas um computador sem memória e um tablete.

Ela acredita que a invasão seria uma tentativa de intimidação. “Não posso afirmar qualquer relação com a empresa, mas aconteceu, e desde então, tenho me sentido ameaçada”, afirmou.

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