O infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz, classificou como “precipitada” a decisão do Ministério da Saúde, que nesta quarta-feira (15) divulgou uma nota técnica recomendando a suspensão da vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos contra a Covid-19.
Na decisão, assinada pela secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid, Rosana Leite de Melo, a pasta sugere restringir a aplicação de vacinas a adolescentes que apresentem deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privados de liberdade. De acordo com a diretriz, a maioria dos adolescentes sem doença preexistente não sofre de casos graves da doença.
Em entrevista nesta quinta-feira (16) à BandNews TV, Croda alertou para a circulação do novo coronavírus no Brasil, apesar da queda do número de casos e óbitos. Segundo ele, o indicado seria adotar pelo menos a primeira dose das vacinas nos jovens, para evitar que a doença atinja inclusive populações com comorbidades.
“É importante a gente entender que ainda temos uma carga elevada da doença no Brasil. Não se justifica a interrupção completa da vacina. A gente poderia adotar o que a Inglaterra sugeriu na última semana, que é vacinar com uma dose”, disse.
Julio Croda reforçou ainda que os benefícios da vacinação são amplos contra a pandemia, apesar do registro de reações adversas.
“Falta comunicação, informação de qualidade, esclarecimento à população, justamente para a gente entender que eventos adversos podem acontecer”, explicou.
“A vacina eventualmente pode ter eventos colaterais importantes, mas os benefícios superam muito os riscos”, acrescentou.