Coreia do Norte diz ter feito simulação de ataque atômico

Pyongyang alega ter disparado ao mar dois mísseis balísticos como parte de um 'ensaio de ataque tático nuclear'

Por Deutsche Welle

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A Coreia do Norte afirmou nesta quinta-feira (31) que disparou ao mar dois mísseis balísticos de curto alcance como parte de um "ensaio de ataque tático nuclear".

Os lançamentos, que foram anunciados em primeiro lugar pelos militares sul-coreanos, coincidem com exercícios militares conjuntos que Coreia do Sul e Estados Unidos realizam anualmente e que frequentemente irritam o regime de Pyongyang.

As Forças Armadas norte-coreanas disseram que os mísseis foram disparados na noite de quarta-feira "em um teste de ataque nuclear tático, simulando ataques de terra arrasada contra importantes centros de comando e campos de aviação operacionais" do outro lado da fronteira com a Coreia do Sul. "O teste pretende enviar uma mensagem clara aos inimigos", alertaram os militares norte-coreanos, em comunicado publicado pela agência de notícias estatal KCNA.

O Estado-Maior Conjunto em Seul disse ter detectado dois mísseis balísticos de curto alcance lançados do norte no Mar do Leste, também conhecido como Mar do Japão, pouco antes da meia-noite de quarta para quinta-feira (horário local).

Os projéteis voaram 360 quilômetros antes de atingir a água, segundo o comando do Exército sul-coreano.

Ambos caíram perto da costa leste da península coreana e fora da zona econômica exclusiva do Japão, sublinhou o Ministério da Defesa japonês.

O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul disse, em comunicado, que os lançamentos estão sendo analisados por autoridades militares sul-coreanas e americanas.

Manobras norte-coreanas

Na terça-feira, em resposta às manobras conjuntas de Washington e Seul, a Coreia do Norte também organizou exercícios militares durante os quais o líder do país, Kim Jong-un, visitou um centro de treino para comandantes, disse a KCNA. Este treino simulou a defesa a uma invasão repentina e o lançamento de um contra-ataque para ocupar "todo o território da metade sul" da península.

Durante o exercício, Kim detalhou o plano para uma eventual guerra, que incluiria a realização de "ataques simultâneos superintensos" a centros de comando militar para causar "caos econômico, político e social".

Bombardeiro americano

Os exercícios militares conjuntos de Coreia do Sul e Estados Unidos envolvem ao menos um bombardeiro estratégico B-1B dos EUA, que sobrevoou a península coreana na manhã de quarta-feira, segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap.

Pyongyang considerou o sobrevoo "uma séria ameaça, no cenário de um ataque nuclear preventivo contra a RPDC", a sigla oficial da Coreia do Norte, e afirmou que a simulação dos ataques nucleares foi uma resposta.

A Coreia do Norte é extremamente sensível ao envio dos bombardeiros B-1B americanos, que podem transportar um grande número de armas convencionais.

Pyongyang descreve essas aeronaves como "estratégicas nucleares", embora a capacidade dos aviões tenha sido modificada na década de 1990 para incluir somente armamento convencional.

Os Estados Unidos, a Coreia do Sul e o Japão também realizaram um exercício naval de defesa antimísseis na terça-feira, irritando Pyongyang.

Escalada militar

Após o fracasso das conversações de desnuclearização entre Washington e Pyongyang em 2019, a península voltou a ser palco de uma escalada militar persistente, com o regime de Kim Jong-un fazendo repetidos disparos de mísseis , e os aliados realizando grandes exercícios de guerra incluindo regularmente meios estratégicos americanos.

A Coreia do Norte executou um número recorde de testes de armas este ano. Também falhou duas vezes nas tentativas de colocar em órbita um satélite de reconhecimento militar, a mais recente na semana passada.

Washington, Seul e Tóquio intensificaram a sua cooperação em defesa nos últimos meses em resposta ao aumento dos testes de armas por parte da Coreia do Norte.

Kim declarou o estatuto de energia nuclear do seu país "irreversível" e apelou ao aumento da produção de armas, incluindo nucleares. Ele também pediu o fortalecimento da marinha norte-coreana porque as águas do país estão repletas do "perigo de guerra nuclear".

md/le (AFP, Lusa, AP)

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