A Coreia do Sul disse nesta terça-feira (21/11) que a Coreia do Norte disparou "o que afirma ser um satélite de vigilância militar na direção sul".
A agência de notícias norte-coreana KCNA confirmou a informação, destacando que o líder do país, Kim Jong-un, supervisionou o lançamento do foguete que "colocou com precisão o satélite de reconhecimento Malligyong-1 em sua órbita". Segundo a KCNA, outros satélites devem ser lançados em um futuro próximo.
Estados Unidos e o Japão condenaram veementemente o lançamento, classificando-o como uma "violação descarada" das sanções da ONU que poderia desestabilizar a região.
Essa foi a terceira tentativa de Pyongyang de colocar um satélite espião em órbita – as duas anteriores, em maio e agosto, falharam.
Por enquanto, nem Seul, nem Tóquio puderam verificar se o lançamento do míssil resultou na colocação de um satélite em órbita.
Ajuda da Rússia
No início do mês, Seul havia alertado que a próxima investida de Pyongyang em lançar um satélite espião poderia ser bem-sucedida, já que a Coreia do Norte parecia ter recebido aconselhamento técnico da Rússia, em troca do envio de pelo menos 10 carregamentos de armas para a guerra de Moscou contra a Ucrânia.
Em setembro, em uma rara viagem ao exterior, Kim Jong-un esteve na Rússia e visitou um moderno centro de lançamento espacial, onde o presidente russo, Vladimir Putin, disse que ajudaria Pyongyang na construção de satélites.
Os planos de satélite da Coreia do Norte
A Coreia do Norte conduziu um número recorde de testes de armas este ano. Mas colocar com sucesso um satélite espião em órbita poderia melhorar suas capacidades de recolher informações, especialmente sobre a Coreia do Sul, e fornecer dados cruciais em qualquer conflito militar, dizem os especialistas.
No passado, a Coreia do Norte afirma ter lançado satélites de "observação", dois dos quais pareciam ter alcançado a órbita com sucesso, incluindo um em 2016. No entanto, autoridades sul-coreanas levantaram dúvidas sobre se esses equipamentos estão mesmo transmitindo sinas.
Pyongyang está impedida por resoluções da ONU de realizar testes que envolvam tecnologia balística e, dada a similaridade, por consequência, de fazer lançamentos espaciais.
Japão pede para moradores buscarem abrigo
Mais cedo nesta terça-feira, a Coreia do Norte notificou o Japão de que planejava lançar um foguete transportando um satélite militar na direção do Mar Amarelo e do Mar da China Oriental em algum momento entre 22 de novembro e 1º de dezembro.
O lançamento, porém, ocorreu antes do informado e o governo japonês instou imediatamente os residentes da região sul de Okinawa a se abrigarem.
No entanto, o alerta, lançado tarde da noite, foi cancelado logo em seguida, depois que as autoridades afirmaram que o projétil havia "passado para o Pacífico".
"Já fizemos um forte protesto contra a Coreia do Norte e condenamo-lo nos termos mais fortes possíveis", disse o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.
"Mesmo que chamem satélite, o lançamento de um item que utiliza tecnologia de mísseis balísticos é claramente uma violação das resoluções relevantes das Nações Unidas", acrescentou.
Reação da Coreia do Sul
Em resposta ao lançamento desta terça, o gabinete do presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, sugeriu que consideraria suspender um acordo militar destinado a diminuir as tensões na península.
De acordo com Choi Gi-il, professor de estudos militares na Universidade Sangji em Wonju, o fato de o lançamento ter ocorrido horas antes da janela de tempo declarada pela Coreia do Norte sublinha duas coisas: "A confiança de Pyongyang no sucesso e a intenção de maximizar o fator surpresa para o mundo exterior",
O lançamento também coincide com a chegada do porta-aviões americano Carl Vinson ao porto sul-coreano de Busan. A embarcação foi enviada para aumentar a preparação contra ameaças de mísseis de Pyongyang.
Washington também criticou a relação da Coreia do Norte com a Rússia. No começo do mês, secretário de Estado americano, Antony Blinken, alertou que os laços militares entre os dois países eram "crescentes e perigosos".
le (AFP, Reuters)