Numa vitória do governo federal, que vinha pressionando pela diminuição da taxa básica de juros da economia, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou nesta quarta-feira (02/08) um corte de 0,5 ponto percentual na Selic, que agora está em 13,25% ao ano.
É a primeira redução de juros em três anos, após a taxa se manter no patamar de 13,75% por quase um ano, apesar das críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – a última queda havia sido durante a pandemia de covid, quando a Selic chegou ao patamar histórico de 2%.
Embora já fosse dada como certa por agentes do mercado financeiro e pela própria equipe econômica do governo, a redução dos juros superou as expectativas da maioria dos analistas, que projetava um corte de 0,25 ponto percentual.
O resultado foi fruto de uma votação apertada: quatro dos nove diretores apoiavam um corte mais modesto, de 0,25, contra cinco – entre eles o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e dois novos diretores indicados pelo governo Lula, Gabriel Galípolo e Ailton Aquino – que endossaram o corte de 0,5.
Em seu comunicado, o Copom afirma que pesou na decisão "a melhora do quadro inflacionário, refletindo em parte os impactos defasados da política monetária, aliada à queda das expectativas de inflação para prazos mais longos, após decisão recente do Conselho Monetário Nacional sobre a meta para a inflação".
O órgão também sinalizou que deve manter os cortes na mesma proporção caso o cenário econômico continue favorável.
Qual a relevância da taxa Selic para o cidadão comum?
Conhecida como taxa básica de juros da economia, a Selic impacta diretamente a economia do país e a vida das pessoas porque serve de parâmetro para outras taxas praticadas no mercado – influenciando juros pagos em um financiamento ou empréstimo, mas também o rendimento de investidores, por exemplo.
Taxas elevadas têm sido usadas pelo Banco Central para tentar controlar a inflação e trazê-la para o centro da meta – hoje em 3,25% para o ano de 2023, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo –, enquanto taxas mais baixas são usadas para induzir o consumo e aquecer a economia, o que por sua vez também pode se refletir em preços mais altos.
Mais cedo, Lula havia criticado presidente do BC: ‘Não entende do Brasil'
A queda na taxa de juros já havia sido cobrada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mais cedo, durante conversa no Palácio do Planalto com jornalistas estrangeiros.
"Esperamos que hoje o Copom tome a decisão que já deveria ter tomado três reuniões atrás de reduzir a taxa de juros, porque não tem explicação”, queixou-se o mandatário.
Ele criticou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chamando-o de "rapaz" que não serve aos interesses do país nem entende "de povo".
"Não sei do que ele entende, mas ele não entende de Brasil e não entende de povo", afirmou. "Não sei a quem que ele está servindo, sinceramente não sei. Aos interesses do Brasil não é."
Não é a primeira vez que o petista critica Campos Neto, que assumiu o cargo ainda durante a gestão de Jair Bolsonaro e só deve deixá-lo em 2024.
ra (ots)