O Comitê de Política Monetária (Copom) aumenta pela primeira vez em seis anos a taxa básica de juros. O índice passou de 2% para 2,75% ao ano.
A decisão foi tomada de forma unânime pelo Copom.
O Copom avalia que o aumento no "preço de commodities internacionais em moeda local tem afetado a inflação corrente e causou elevação adicional das projeções para os próximos meses, especialmente através de seus efeitos sobre os preços dos combustíveis".
O Comitê faz duas projeções possíveis para a economia brasileira. Em uma, os efeitos da pandemia seriam prolongados e com isso a inflação cairia. A outra hipótese é que as políticas de resposta à pandemia, como o auxílio emergencial, piorem a trajetória fiscal do país e com isso provoquem alta de preços.
Em situações de estabilidade, as variações na taxa de juros costumam ser menores, de 0,25%. O Copom justifica os 0,75% devido ao “cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2021 e, principalmente, o de 2022”. O Comitê também enxerga a Selic atual muito baixa com um "grau de estímulo extraordinário".
Em entrevista à Rádio BandNews FM, o professor de economia da Fundação Getúlio Vargas Rogério Mori aponta que a medida foi tomada após o Banco Central ficar acuado depois dos recorrentes aumentos em produtos de todo país.
No mais recente balanço do IBGE, o IPCA registrou uma alta de 5,2% em um período de 12 meses. Atualmente, a meta de inflação para 2021 é de 3,75%.
Segundo Mori, a medida também poderá evitar uma alta ainda maior no valor do dólar.
A próxima reunião do comitê está marcada para o começo de maio, e a expectativa é para uma nova alta de 0,75 ponto porcentual.