Regiane de Paula, coordenadora do Plano Estadual de Imunização de São Paulo, defendeu a antecipação da dose de reforço contra a Covid-19 de cinco para quatro meses. A decisão do Estado gerou reação contrária da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que afirmou não haver evidências de que os benefícios compensam eventuais riscos.
Em entrevista nesta terça-feira (7) ao jornalista Agostinho Teixeira, na Rádio Bandeirantes, Regiane de Paula rebateu a argumentação da agência. Segundo ela, “estudos de vida real” autorizam a redução do prazo, já adotada também no Reino Unido, que foi além e fixou o intervalo para dose de reforço em três meses.
“O que acontece hoje é que a Anvisa, claro como um órgão federal, está presa a uma bula. Mas a pandemia é muito dinâmica, a gente não pode ficar esperando estudos de longo prazo. Os estudos de vida real, o que está acontecendo na vida real, é que tem levado a tomar essas decisões, baseadas principalmente naquilo que outros continentes estão vivendo”, justificou a coordenadora.
Ainda para defender a medida, a coordenadora do PEI afirma que o Supremo Tribunal Federal deu autonomia a estados e municípios no combate à pandemia. Além disso, criticou a falta de um plano nacional de vacinação contra ao coronavírus.
Contudo, Regiane de Paula disse não ter sido consultada sobre a aplicação do reforço depois de apenas dois meses adotada em Guarujá, litoral sul de São Paiulo, iniciada há cerca de 15 dias. A coordenadora do Plano Estadual de Imunização de São Paulo admitiu que só ficou sabendo desta terça sobre a decisão e prometeu conversar com as autoridades da cidade para cobrar explicações.
Segundo disse a vice-prefeita Adriana Machado à Rádio Bandeirantes, o objetivo da antecipação para dois meses é proteger ao máximo a população local.
A expectativa é que 1,5 milhão de turistas passem pela cidade do litoral paulista durante o Natal e o Réveillon, elevando o risco de uma nova onda de Covid-19 em um cenário da chegada da variante ômicron ao Brasil.
Adriana Machado, que é medica, afirmou que a decisão segue o mesmo protocolo de outros imunizantes que combatem vírus e têm o reforço aplicado após 60 dias.
Quem pode tomar a dose antecipada de reforço da vacina?
A medida em São Paulo vale para vacinados com duas doses dos imunizantes CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer.
Para quem recebeu a vacina de dose única da Janssen, o intervalo de aplicação é de dois meses. Na ausência do imunizante do braço farmacêutico da Johnson & Johnson, a recomendação da dose adicional é com a vacina da Pfizer.