Fundado em 1996, o movimento “Mães da Sé” é um dos mais conhecidos do Brasil na busca por pessoas desaparecidas. Em entrevista á Band, Ivanise Esperidião, fundadora do projeto, falou sobre a busca até hoje por sua filha Fabiana, na época com 13 anos.
Há quase 30 anos, Ivanise se dedica a prestar apoio social, psicológico e amparo para mães de todo o país, enquanto elas buscam por seus filhos. O projeto surgiu um ano após ela iniciar a procura por sua filha que desapareceu após ir visitar uma amiga que morava a 300m de distância na região de Pirituba.
“Esse trabalho nasceu a partir do desaparecimento da minha filha em 23 de dezembro de 1995. E quando procurava sozinha, eu beirei à loucura, eu procurei sozinha em hospitais, IMLs, nas ruas e por infelicidade eu nunca encontrei uma homem que estivesse procurando pelo seu filho desparecido, assim como eu. Lembro que eu bati nas portas de todas as emissoras de televisão e ouvia a mesma frase ‘senhora, esse assunto não está em pauta’, e eu lá sabia o que era pauta... Hoje, eu estou escolada na linguagem jornalística", disse.
Além de procurar em órgãos oficiais, Ivanise cadastrou o rosto de sua filha em instituições e foi a partir daí que surgiu as “Mães da Sé”. A face de Fabian agora estava em todos os lugares e chegou a um ponto mais alto: novela.
“Três meses após o desaparecimento da minha filha eu conheci uma organização no Rio que ajudava mães a procurar seus filhos, se chamava ‘Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente’ e eu cadastrei minha filha lá na organização e passada algumas semanas e eles me ligaram dizendo que a Glória Peres ia colocar na novela ‘Explode Coração’ depoimentos de mães que tinham filhos desaparecidos e pergutaram se eu queria participar, eu fui e tinha certeza de que eu ia encontrar minha filha no dia que fosse mostrado meu apelo na novela, em 96”, começou.
“Quando eu gravei a novela, foi comigo uma outra mãe e lá já existia o movimento ‘Mães da Cinelândia’ e em uma conversa com aquelas mulheres perguntamos como elas se organizaram e aí resolvemos fazer a mesma coisa em São Paulo. No dia 31 de março de 1996, nasceu em São Paulo o movimento de mães e escolhemos a Praça da Sé, porque na época era o centro de grandes atos de reinvidicações da sociedade civil, e escolhemos as escadrias da Catedral da Sé e de lá para cá eu não parei mais. Naquele dia eu transformei minha dor em uma luta e pelas mais de 100 mães que estavam ali”, finalizou.
Atualmente, mais de 12 mil famílias já foram ajudadas pelo movimento ‘Mães da Sé’ e mais de 6 mil crianças foram encontradas. No entanto, Ivanise ainda não achou a sua filha, mas é a certeza de que ela irá encontrar Fabiana que a faz se manter de pé.
Esse trabalho é a minha razão de viver, abdiquei de trabalho para dedicar a causa e como uma forma de talvez uma perspectiva de que um dia eu vou encontrar minha filha. O que me mantém viva é a certeza de que eu vou encontrar a minha filha
Como cadastrar uma pessoa desaparecida no movimento “Mães da Sé”?
Qualquer pessoa que tenha um familiar desaparecido pode procurar o projeto para ajudar nas buscas. No entanto, alguns passos precisam ser seguidos:
- Procurar as “Mães da Sé” nas redes sociais e pedir o contato de Ivanise Esperidião, fundadora do projeto:
- Preencher uma ficha de cadastro com informações da pessoa desaparecida e assinar uma autorização para veiculação da imagem.
- Ter um boletim de ocorrência;
Ivanise explica que além de apoio psicológico, o movimento também oferece ajuda jurídica neste momento, além de um parceria com o Ministério Público, Conselhos Tutelares, Varas da Infância.