Como o quebra-nozes ganhou fama mundial

Criado na Alemanha há mais de 150 anos, estatueta de madeira virou uma decoração de Natal icônica e popular em todo o mundo.

Por Deutsche Welle

Você já ouviu falar do Räuchermann - ou, em sua forma diminutiva, o Räuchermännchen? O "homem defumante" é uma estatueta de madeira que serve como queimador de incenso. É apenas uma das muitas decorações tradicionais de Natal do Erzgebirge,, uma região do estado alemão da Saxônia conhecida pelo artesanato em forma de anjos de madeira, pirâmides de Natal e arcos de velas conhecidos como Schwibbogen.

Mas esses enfeites não chegam nem perto de uma das famosas exportações internacionais da região: o quebra-nozes.

Uma história contada por alemães, russos, franceses e americanos

O quebra-nozes ganhou reconhecimento internacional graças às suas várias representações culturais e ao fato de que autores de diferentes países "tomaram emprestado” o conto original. Os acordos internacionais de direitos autorais não existiam quando a versão inicial da história do brinquedo soldadinho foi escrita pelo autor alemão E. T. A. Hoffmann, em 1816, intitulada "O Quebra-Nozes e o rei dos camundongos".

Em 1844 a história ganhou uma adaptação do escritor francês Alexandre Dumas. O enredo de "Histoire d'un casse-noisette" (chamado de "O Quebra-Nozes" em português) era quase idêntico, mas a versão francesa não era tão sombria quanto a alemã.

De qualquer forma, a adaptação de Dumas serviu de base para o balé russo de 1892, coreografado por Marius Petipa e Lev Ivanov, com música composta por Pyotr Illyich Tchaikovsky.

A primeira apresentação completa do balé só chegou à Inglaterra em 1934 e foi encenada pela primeira vez nos EUA durante o Natal de 1944 pela companhia San Francisco Ballet.

Foi um sucesso tão grande lá que, desde então, tem sido encenado durante a temporada de festas. Assim também acontece no Brasil, desde sua estreia em 1957, no Teatro João Caetano, o balé acumula centenas de produções todos os anos e se tornou ritual de Natal para milhares de famílias no Brasil e em todo o mundo.

Da Saxônia para o mundo

Friedrich Wilhelm Füchtner foi o primeiro artesão da região do Erzgebirge a criar o primeiro modelo "produzido em série" de um quebra-nozes, em 1870. É claro que ele nem imaginava que a figura um dia se tornaria a estrela de um clássico do balé internacional. Na verdade, ele tinha outra versão da história em mente quando criou sua estatueta, a escrita pelo criador de "Der Struwwelpeter" (João Felpudo), Heinrich Hoffmann, em 1851.

A escultura alemã chegou aos lares de todo o mundo muito mais tarde. Uma empresa de entalhe em madeira das Montanhas Ore, Steinbach, teve de se mudar para Hanover após a Segunda Guerra Mundial, onde muitos soldados americanos estavam estacionados nas proximidades. Os soldados começaram a levar bonecos quebra-nozes para suas famílias como lembranças típicas da Alemanha.

Outro motivo para visitar as Montanhas Ore

Os bonecos, colecionados por muitos, continuam a atrair visitantes para a região do leste da Alemanha, conhecida por seu artesanato em madeira.

Além das diferentes oficinas da região, o Nussknackermuseum em Neuhausen, o "primeiro museu de quebra-nozes da Europa", é outra parada recomendada. Ele não apenas detém o recorde de maior coleção de quebra-nozes do mundo, mas também organiza diferentes eventos ao longo do ano, como uma convenção anual de colecionadores de quebra-nozes.

Quando perguntado o porquê do quebra-nozes ter se conectado tanto ao Natal, o proprietário do museu, Uwe Löschner, dá uma explicação prática, típica do pragmatismo do povo da região: "Na época do Natal, as pessoas pobres usavam suas nozes para preparar os tradicionais Stollen (pães de frutas) e biscoitos; e os quebra-nozes eram usados para quebrar essas nozes".

O quebra-nozes é mais do que apenas uma ferramenta bonita. Seu simbolismo continua a ser compartilhado entre gerações e países graças ao conto de fadas que contribuiu para sua fama internacional - uma história universal de esperança e de triunfo do bem contra o mal.

Autor: Elizabeth Grenier

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