O terceiro menor país da América do Sul em área, a Guiana, passou quase desapercebido pelos brasileiros nas últimas quase duas décadas.
Isso até dezembro deste ano, quando o conflito envolvendo a anexação pela Venezuela do território de Essequibo, localizado na parte mais a oeste da Guiana, levou o interesse do Brasil pelo país ao mais alto patamar desde 2004.
É o que indicam dados do Google Trends, plataforma que monitora buscas realizadas no site. Para se ter ideia, antes disso, o maior pico de interesse foi em setembro de 2004, que correspondeu a 10% volume de buscas deste dezembro. Os dados ainda demandam consolidação ao final do mês.
Região fronteiriça mais a oeste de Guiana, Essequibo ocupa 159 mil km² e representa cerca de 70% do território do país. A disputa pelo local, que vem desde o século 19, foi intensificada em 3 de dezembro.
Na data, o governo venezuelano realizou um plebiscito em 3 de dezembro para a anexação do território, que foi aprovado por 95% dos eleitores presentes. O comparecimento foi de metade dos eleitores da Venezuela.
O interesse do país por Essequibo aumentou a partir de 2015, com a descoberta de grandes reservas de petróleo na costa da região pela americana ExxonMobil. Segundo estimativas, a disponibilidade do produto corresponde a cerca de 75% da reserva brasileira de petróleo.
Em 15 de dezembro, Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, e Irfaan Ali, presidente da Guiana, realizou a primeira reunião para tratar da disputa do território. O encontro terminou sem acordo (veja no vídeo abaixo).
Entenda a disputa por Essequibo
- Para a Venezuela, o rio Essequibo deveria ser a fronteira natural, como era em 1777, durante a época do império espanhol.
- A Guiana argumenta que a fronteira, que remonta à era colonial britânica, foi ratificada em 1899 por um tribunal arbitral em Paris.
- A área em disputa abriga cerca de um quinto da população guianense, ou cerca de 125 mil pessoas.
- Desde o Acordo de Genebra de 1966, as negociações sobre o Essequibo se arrastaram sem resultados, e a ONU acabou encaminhando o caso à Corte Internacional de Justiça, também por insistência da própria Guiana.
- Além do aspecto econômico da disputa, analistas têm apontado a instrumentalização política do tema como estratégia de Maduro para se manter no poder.