A pandemia mexeu com o mercado de imóveis alugados e fez o total de espaços vagos dobrar no ano passado em São Paulo. As informações são de Ana Paula Rodrigues, da Rádio Bandeirantes.
De acordo com a Associação de Administradores de Bens, Imóveis e Condomínios (AABIC), até março do ano passado, antes da chegada do novo coronavírus, em média 20% dos imóveis comerciais da capital estavam vazios. Esse número passou para 38% em dezembro. Entre os residenciais, o índice dobrou de 9% para 18%, como explica José Roberto Graiche Junior, presidente da AABIC.
“O residencial não está parado. Ele tem mais oferta, então consequentemente a pessoa demora mais para alugar seu imóvel. Outro ponto quanto ao residencial é que ficou a expectativa de abre ou não abre escola e faculdade quando muitas residências são alugadas com esta finalidade. No caso do comercial foi o abre e fecha se pode permanecer aberto ou receber público”, explicou.
O presidente da AABIC afirmou que embora os números sejam preocupantes a capacidade de reação do setor é grande. “Sempre preocupa, claro, que o mercado fique estagnado. Mas o mercado de aluguel reage muito rápido porque a necessidade de moradia e de locar um imóvel com finalidade comercial é muito maior do que o estoque que existe no estado”, disse.
Enquanto a pandemia persiste e segura essa reação, a negociação dos aluguéis é o que tem mantido o setor. O vice-presidente de Gestão Patrimonial do Sindicato da Habitação de SP (Secovi), Adriano Sartori, explicou que muitos proprietários reduziram os valores dos contratos para manter os clientes.
“Observamos muita negociação porque os proprietários neste período viram que perder inquilino neste momento não era favorável. O valor de locação foi caindo mês a mês, com 0,4%, depois 0,7% e 1,4%, e a retomada e estabilização começou a partir de setembro”, afirmou.
De acordo o vice-presidente de Gestão Patrimonial do Secovi, o perfil de imóvel procurado para aluguel também mudou, e os imóveis menores, em especial os apartamentos, ficaram mais tempo vagos
“A gente observa que o tempo praticamente duplicou. Em novembro de 2019 ele variava de 16 a 42 dias e isso passou para 29 a 86 dias, ou seja, um aumento de 80% a 100% no período de espera para se locar um imóvel. As pessoas passaram mais tempo em suas residências e acabaram buscando não só um cômodo a mais, mas também um espaço ao ar livre”, disse.
Além disso, o Secovi também identificou o aumento do aluguel de galpões em São Paulo, por causa do crescimento do mercado de logística e delivery.