Em 2020, o ano que definitivamente ficou marcado pela pandemia de covid-19, as mortes no Brasil tiveram salto histórico. Além disso, os brasileiros registraram menos filhos e adiaram os planos de casamento.
Levantamento divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com base nos dados de registro civil, mostra que o país teve 1.510.068 óbitos, 14,9% a mais que 2019, ano sem a crise sanitária. É o maior aumento desde 1984. Cerca de 99% das mortes a mais no ano passado ocorreram por causas naturais, classificação que inclui a covid-19.
De acordo com a gerente da pesquisa do IBGE, Klívia Brayner, a alta nos óbitos foi “muito fora do comum” e possui relação com a pandemia. “Houve um crescimento bastante relevante das mortes por causas naturais, o que é condizente com o cenário de uma epidemia no país.”
Outra informação que colabora com a análise é o aumento expressivo nas mortes entre a população idosa, a mais atingida pelo coronavírus: 75,8% de crescimento na faixa de idade de 60 anos ou mais. Por outro lado, as crianças e adolescentes de até 15 anos morreram menos, uma redução de 15,1%.
“O fato do público [de crianças e adolescentes] terem ficado em casa parece ter reduzido expressivamente os óbitos, talvez pela menor exposição a agentes patógenos em geral ou a riscos de causas externas”, explica a especialista.
Nascimentos
Na outra ponta da linha, o Brasil registrou queda de 4,7% no registro de nascimentos entre 2019 e 2020, passando de 2.811.760 para 2.678.992. De acordo com o IBGE, a diminuição no número também tem relação com a pandemia de covid-19, mas de uma forma diferente.
“Cabe ressaltar que a pandemia pode ter agravado o adiamento dos registros por conta da dificuldade de deslocamento até os cartórios. Então, pode ser que uma parte dos registros de nascimentos a menos tenha apenas sido postergada”, argumenta Klívia.
Planos adiados
O número de matrimônios também despencou no ano da pandemia. Os registros de casamento em cartório diminuíram 26,1%. É a maior queda desde o início da série histórica do IBGE.
Na análise de Klívia, a crise sanitária também foi o principal motivo. “A queda pode ter relação com o isolamento social, já que muita gente pode ter adiado os planos por conta de não poder fazer festa.”