A reação de investidores não foi o que o governo esperava - mas não seria tão difícil essa previsão, se houvesse uma avaliação crítica objetiva e aceita da decisão de juntar o anúncio dos cortes de despesas com a redução de imposto de renda.
Essa junção de notícia dura com boa notícia é que prejudicou - como até as pedras já entenderam - um anúncio importante de medidas necessárias, mesmo sendo insuficientes, mas no caminho certo - como não se pode ignorar. Agora, essa parte do pacote deve andar no Congresso com a rapidez que o tempo exige - enquanto a questão do imposto de renda ficará para depois, inteiramente separado do corte de gastos. Como tem que ser.
O ministro Haddad, que não conseguiu convencer o presidente Lula a não misturar os assuntos, entre entrevistas e encontros com o mercado, já sinalizou novos cortes para complementar o pacote insuficiente.
É o difícil caminho de reduzir despesas, garantir o marco fiscal, segurar a inflação e conviver com juros civilizados - que, neste momento, ameaçam se tornar uma tragédia maior do que já é. O horizonte anda feio. Cada dia, isso fica mais claro para a população.