Mitre: o que dá o tom na relação entre Estados Unidos e Brasil?

Bill Clinton e Fernando Henrique se davam bem, se aproximaram muito e viraram velhos amigos. Lula e Busch, um presidente de esquerda e outro "muito pelo contrário", se deram bem e chegamos a ouvir a expressão "companheiro Busch", um tanto pitoresca. Mas essas são curiosidades. 

Vale sempre o lugar-comum lançado ou atribuído ao secretário americano Foster Dulles … "um país não tem amigos, tem interesses". O que sugere também que um presidente não deve demonstrar simpatias ou o contrário por candidatos de outro país. Como fez Lula com sua  declaração a favor de Kamala Harris. 

Seja qual for o argumento de Lula, o melhor para o seu papel de presidente teria sido ficar, no mínimo, calado. Não é da sua competência alertar sobre o perigo para a democracia que ele vê numa vitória de Trump.  Outros fazem isso em atitude adequada a seu papel, como o inédito manifesto dos 51 procuradores-gerais americanos, pedindo transição pacífica de poder e respeito ao resultado das urnas, numa clara desconfiança das atitudes de Trump. 

Mas o fato é que o desgaste de Lula dando seu palpite na eleição alheia - embora inadequado - não deve interferir em nada nas relações do Brasil com EUA, se Trump for eleito. Como a exibida amizade de Bolsonaro e filhos com o então presidente americano não ajudou o Brasil ou interferiu nas questões concretas da relação entre os dois países. Os interesses dão o tom.

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