A decisão do ministro Toffoli, anulando os acordos de leniência da Odebrecht - com enormes efeitos nos processos da Lava Jato - configura um dos mais estranhos episódios da história da nossa Justiça.
No auge do prestígio, manchetes diárias, a Lava Jato parecia uma força avassaladora - atuando sobre um complexo esquema de corrupção, é verdade, corrupção evidente em vários aspectos, também é verdade, mas com métodos que desafiavam gravemente os necessários procedimentos legais.
Eu me lembro de uma lista de ações anticorrupção, que chegou a ser levada ao Congresso por um grupo do Ministério Público, incluindo três itens inacreditáveis: flexibilização do habeas corpus, prova ilícita de boa vontade e teste de honestidade do funcionário público, a famosa pegadinha.
Naqueles tempos, no país da Lava Jato, esses absurdos pareciam, para muita gente, aceitáveis e oportunos. E o que era pior: justos.