Quando eu estava descendo de táxi na Praça de São Pedro, em férias, ouvi no rádio, ali do táxi mesmo, a notícia de que Bento XVI havia renunciado. Surpresa para o mundo, isso não acontecia há 600 anos. Eu me lembro que, já falando ao vivo, na Rádio Bandeirantes, eu ia dando a notícia inclusive para as pessoas, perplexas, ali na praça.
Muito antes, eu havia, em outra visita ao Vaticano, assistido a uma missa do então cardeal Ratzinger. Fez um brilhante sermão, baseado na homilia de Navarra, que é um texto ultra-conservador.
Bento XVI, teólogo sofisticado, com uma obra teórica de peso, deixa um legado importante mas discutível dentro da Igreja. Ele defendia uma Igreja mais pura, menor e, claro, mais conservadora.
Antes de ser Papa, foi muito rigoroso no comando da Congregação Para a Doutrina da Fé. Depois, viria Francisco, um papa muito diferente, aberto e popular. Falando sobre Ratzinger, ouvi uma vez do nosso Dom Paulo Evaristo Ars, cardeal, arcebispo de São Paulo: tenho dificuldades de amar esse papa.