Mais uma vez, agora numa tragédia de dimensões sem precedentes, os especialistas se referem a chuvas acima da normalidade. Cerca de 800 milímetros caíram sobre o Rio Grande do Sul em quatro ou cinco dias, bem acima do que havia sido sinalizado duas semanas antes.
A devastação está aí, brutalmente diferente, mais grave que desastres anteriores, mas o que vai ficando claro é que, neste ritmo de mudanças climáticas, o que, tradicionalmente, é classificado como chuva acima do normal vai se tornando menos raro.
Essas surpresas estão ficando mais frequentes, o que obriga a mudanças também de critérios, de um modo geral. Como o de avaliar as nossas infraestruturas urbanas, que já não dão mais conta de responder uma onda mais grave de enchentes, como o Canal Livre desta semana vai discutir e aprofundar com vários especialistas.
Os avisos dramáticos da tragédia do Sul, nessa dimensão absurda, não permitem que tudo siga como tem sido, um fracasso quase total na prevenção de catástrofes naturais. Se vem mudando tudo ou quase tudo, os nossos gestores públicos também precisam mudar.