A força do filme "Ainda Estou Aqui", que conquistou o Oscar e aplausos por onde passou, está na expressão de um tempo de intensa violência política,  tocando profundamente a consciência do público, sem precisar de cenas explícitas de sangue e selvageria que sobraram naqueles anos trágicos. 

A arte deste filme comovente dispensa o panfleto e ganha, por isso, um sentido que vai além da linguagem direta da denúncia política. É o poder da contenção e da sutileza na narrativa, enriquecendo sua estética, concentrando significados e configurando momentos poéticos. 

E aí está a força da mensagem simbólica do desaparecimento e da estúpida morte de Rubens Paiva, saída dos porões da violência extrema e agora espalhada, no Brasil e fora do Brasil, depois de 54 anos. 

O trabalho de Walter Moreira Salles, a partir do excelente livro de Marcelo Rubens Paiva, com Fernanda Torres, Selton Mello, o nosso menino da Band, e todo o grupo que encantou os críticos e os públicos, mudou a história do nosso cinema e ajudou o Brasil a se conhecer melhor.