Ciro Gomes, na manhã desta quarta-feira, 29, foi entrevistado por José Luiz Datena na Rádio Bandeirantes. Na entrevista, o vice-presidente do PDT exaltou a importância da Polícia Federal. “A PF é construída na base do mérito, a garotada se qualifica, tem mecanismos de controle e precisamos confiar na PF. São décadas de esforço que não podem ser jogados no lixo porque Bolsonaro está zangado com o ministro que ele escolheu”, disse.
A pedido do PDT, partido de Ciro, Alexandre de Moraes, do STF, impugnou, nesta manhã, a indicação de Ramagem para a direção da PF – escolha do presidente Jair Bolsonaro. “Não se pensava em outra coisa, a não ser esses dois aspectos (da crise da saúde e o colapso econômico). Mas, em paralelo a isso, temos uma preocupação enorme com a crise institucional, politica, que tira energias de todos para pensar no colapso da saúde e na economia. Um dos aspectos mais graves da crise institucional é a suspeita que Moro lançou sobre o caráter profissional da PF.”
Ciro reforçou que é, de fato, atribuição do presidente escolher, demitir e nomear livremente o diretor da PF. “Não há erro nisso. A gente tem que ajudar o povo a entender isso. Nossa preocupação é que a PF é, muitas vezes, polícia judiciária, ou seja, quando alguém faz uma acusação a mim, a PF não é acionada pelo presidente, mas pelo Ministério Público e o judiciário é que autoriza. A partir daí, a hierarquia funcional da PF é ao juiz, não ao presidente. Neste aspecto, é o que nós, do PDT estamos pedindo que se examine. Porque o Moro lançou uma suspeita muito explicita de que Bolsonaro quer invadir inquéritos que são da esfera da polícia judiciaria. Isso é o que está sobre suspeita.”
Sobre a escolha do novo ministro André Mendonça, Ciro diz ter gostado da indicação e fez críticas ao comportamento de Moro. “Bolsonaro pode nomear o ministro que quiser. O que não dá é para apropriar o serviço público para coisas mesquinhas. Eu aplaudo a escolha do novo ministro porque é um profissional respeitado, tem qualificação (...). Sérgio Moro tem um ego gigantesco, navegando ‘na maionese’ sobre ser presidente, Bolsonaro viu e quis eliminar esse inimigo dentro de casa. O que ele (Bolsonaro) vai fazer, agora, é mandar a AGU contestar (...), mas aquela conversa de nomear o meu, nomear o seu, parece conversa de botequim. Isso se tratando da PF! Conversa de dois despreparados, isso no meio de uma pandemia.”
Questionado por Datena sobre o comentário de Bolsonaro ontem dia 28, à mídia sobre o número de mortes por Covid-19 no Brasil ter ultrapassado a China, Ciro disse que Bolsonaro é um ditador em pânico. “Bolsonaro tem alma autoritária, de militar de tempos de ditadura. Todo ditador tem duas características: não consegue conviver com controle, não admite que ninguém controle. Congresso Nacional, Ministério Público, imprensa são órgãos de controle e ele vai ter problema com todos eles porque nunca treinou, nunca foi prefeito, governador. Outra coisa do ditador está nessa frase: é a impotência, não saber conviver com aquilo que não está no poder do ditador. Aí ele diz, de forma pouco empática e desrespeitosa com o luto de milhares de brasileiros, porque são mais de 5 mil mortos, afinal, não há testes, e ele diz isso porque está impotente, não sabe o que fazer. Isso revela um pânico na cabeça de um ditador.”
Ciro Gomes: São décadas de esforço da PF que não podem ser jogados no lixo porque Bolsonaro está zangado
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