Ciro Gomes negou veementemente as acusações sobre fazer parte de um esquema do governo do Ceará em supostos pagamentos de propina nas obras na Arena Castelão para a Copa 2014. O pré-candidato do PDT à presidência disse que alguns agentes da Polícia Federal que estiveram em sua casa, nesta quarta-feira (15), demonstraram constrangimento durante o cumprimento do mandado. E atacou o presidente Jair Bolsonaro, a quem acusa de aparelhar a PF com fins políticos contra ele.
“Eles sabem, eles estão vendo o que que está acontecendo lá por dentro. Mas uma parte da Polícia Federal claramente se entregou ao Bolsonaro. E está se prestando a qualquer tipo de serviço sujo”, acusou Ciro para José Luiz Datena na Rádio Bandeirantes, na primeira entrevista após a ação policial. Apesar disso, o pedetista reiterou que a instituição Polícia Federal é “muito séria”.
O político alega que, no mandado, ele foi citado como “agente público”, o que ele nega lembrando que o último cargo público que ocupou foi o de deputado federal, entre 2006 e 2010. Ele garante que o delator que motivou as investigações, ligado à Galvão Engenharia, responsável pelas obras, diz no próprio testemunho que nunca se dirigiu a ele. Ciro ainda reiterou, assim como havia feito por meio de seu perfil no Twitter, que a licitação para as obras do estádio em Fortaleza teve o menor preço do Brasil na época.
“É um constrangimento para um cara como eu, que tem pudor”, desabafou prometendo que vai processar o delegado do caso e o juiz que assinou os mandados.
"Por isso eu estou inocente, vou me explicar. Claro que eu vou sofrer um arranhão, os meus adversários vão me insultar, vão me agredir, mas a intenção é exatamente essa, me abater pra que eu seja moderado, para que eu não continue atacando aqueles ladrões, assaltantes da vida pública brasileira como é o Bolsonaro e como foi o Lula”, completou, garantindo que não está acima da lei e que se oferece para ser investigado.
Veja a entrevista na íntegra de Ciro para o Manhã Bandeirantes
A operação da PF
A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (15) a Operação Colosseum contra Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à presidência, e o irmão dele, o ex-governador do Ceará e senador Cid Gomes (PDT-CE).
Os dois são investigados, além do também irmão Lúcio Gomes, em uma operação que investiga um suposto esquema de fraudes e propinas a servidores e políticos nos processos de licitação para obras no estádio Castelão, em Fortaleza, entre 2010 e 2013 nas reformas para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil.
De acordo com a Polícia Federal, há indícios do pagamento de R$ 11 milhões em propina em dinheiro ou disfarçadas de doações eleitorais. Além dos mandados de busca e apreensão, também foi determinada a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico dos irmãos Ciro, Cid e Lúcio Gomes.