A ômicron (B.1.1.529) foi classificada como “preocupante” pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e ganhou um novo nome: Ômicron. A OMS resolveu nomear as novas cepas do Sars-cov-2 com letras do alfabeto grego. Ômicron é a 15ª letra.
Os primeiros casos da variante B.1.1.529 foram identificados em Botsuana em 11 de novembro. Três dias depois, o primeiro de vários casos do B.1.1.529 foi confirmado na África do Sul. Atualmente, a ômicron já está presente em quatro continentes --em alguns países, como no Brasil, entrou antes mesmo de ter sido anunciada pela OMS.
Ainda não há informações a possibilidade de a variante Ômicron apresentar uma mudança nos sintomas ou na gravidade da Covid. A médica sul-africana que identificou os primeiros casos de Covid-19 infectados pela nova cepa relatou que seus pacientes apresentaram sintomas incomuns, mas moderados, como fadiga intensa e pulsação alta.
Grande número de mutações
A Covid-19 evoluiu para se tornar mais contagiosa com o tempo. A variante alfa, detectada pela primeira vez no Reino Unido no ano passado, foi mais facilmente passada de pessoa para pessoa do que a versão original do Sars-Cov-2. A variante delta, posterior, era mais transmissível do que alfa.
Os cientistas ainda estão estudando a nova variante, mas eles já identificaram pelo menos 32 mutações na proteína spike, que é o alvo da maioria das vacinas já desenvolvidas e ponto chave que o vírus usa para invadir as células do corpo. Isso representa o dobro de mutações da cepa delta.
Considerado as variações das mutações, os cientistas prevêem que o vírus terá maior probabilidade de infectar --ou reinfectar-- pessoas.
"Essa variante parece se espalhar muito rápido. Em menos de duas semanas ela já domina as infecções," escreveu no Twitter Tulio de Oliveira, virologista brasileiro e diretor do Centro para Resposta Epidemiológica e Inovação (CERI, na sigla em inglês), da África do Sul.
Os cientistas estão preocupados com o número de mutações e com o fato de algumas delas já foram associadas a uma capacidade de escapar da proteção imunológica existente. Mas estas previões são teóricas, e laboratórios estão testando a eficácia com que os anticorpos neutralizam a nova variante.
O avanço da ômicron, com as taxas de reinfecção, e os sintomas que ela provocar também darão uma indicação mais clara sobre a extensão de qualquer alteração na imunidade. Os cientistas não esperam que a variante seja totalmente irreconhecível para os anticorpos existentes --consideram apenas que as vacinas atuais podem dar menos proteção.
Portanto, um objetivo crucial continua sendo aumentar as taxas de vacinação, incluindo terceiras doses para grupos de risco.
Vídeo: Cientistas correm para analisar eficácia de vacinas contra variante
Oliveira pediu suporte para que a África consiga controlar a propagação do vírus. "A nova variante é bastante preocupante no nível mutacional. A África do Sul e a África vão precisar de apoio (financeiro, de saúde pública e científico) para controlar o vírus de maneira que ele não se espalhe para o resto do mundo."
Ainda segundo Oliveira, os cientistas estão trabalhando 24 horas por dia para tentar entender os efeitos das mutações encontradas no B.1.1.529 na transmissibilidade, na efetividade das vacinas e no poder de aumentar as reinfecções ou os casos mais graves da doença.