O regime de Nicolás Maduro classificou nesta quinta-feira (24) o veto do Brasil à entrada da Venezuela no grupo de economias emergentes Brics como um "gesto hostil" e uma "agressão" aos interesses do país, que há anos tenta a admissão no bloco.
A Venezuela – assim como a Nicarágua – ficou fora da lista prévia de parceiros dos Brics após pedido do Brasil. O Itamaraty vetou o país sul-americano como candidato a entrar no grupo de novos Estados-parceiros.
Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela disse que a rejeição está "reproduzindo o ódio, a exclusão e a intolerância promovidos pelos centros de poder ocidentais".
"Gesto hostil"
"Uma ação que constitui uma agressão contra a Venezuela e um gesto hostil que se soma à política criminosa de sanções que foram impostas contra um povo corajoso e revolucionário. Nenhum truque ou manobra planejada contra a Venezuela interromperá o curso da história", diz a nota.
O governo do presidente venezuelano garantiu que tem "o respaldo e o apoio dos países participantes desta cúpula (dos Brics concluída nesta quinta-feira em Kazan, na Rússia) para a formalização de sua entrada nesse mecanismo de integração".
"Por meio de uma ação que contradiz a natureza e os postulados dos Brics, a representação do Ministério das Relações Exteriores do Brasil decidiu manter o veto que (o ex-presidente Jair) Bolsonaro aplicou à Venezuela durante anos", diz o texto.
"O povo venezuelano está indignado e envergonhado com essa agressão inexplicável e imoral do Ministério das Relações Exteriores do Brasil", acrescenta a nota.
"Quebra de confiança"
O Itamaraty não comentou oficialmente a nota. Mas o ex-ministro das Relações Exteriores e assessor para assuntos internacionais do governo brasileiro, Celso Amorim, afirmou que o veto está associado à "quebra de confiança" em Nicolás Maduro. "A quebra de confiança foi uma coisa grave. Nos disseram uma coisa e não foi feita", afirmou, em entrevista ao jornal O Globo.
Amorim se referiu à promessa não cumprida de Maduro de entregar as atas da eleição de 28 de julho, que confirmariam a segunda reeleição consecutiva do presidente venezuelano. As atas, entretanto, nunca foram reveladas.
Apenas 13 países são considerados para participar do bloco na nova categoria de "Estados-parceiros". A lista de não foi divulgada oficialmente, mas foram citados: Argélia, Belarus, Cuba, Bolívia, Indonésia, Malásia, Turquia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria e Uganda.
Em declaração feita durante o encerramento da cúpula do Brics em Kazan, o presidente russo, Vladimir Putin, se mostrou favorável à entrada da Venezuela no grupo.
"Nossas posições não correspondem com a do Brasil em relação à Venezuela. Falo isso abertamente, nós falamos sobre isso por telefone com o presidente do Brasil, com quem eu tenho uma relação muito boa", disse Putin.
md (EFE, ots)