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Rabino: Cessar-fogo entre ministros israelenses que debatiam a guerra no Líbano

Por Moises Rabinovici

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, estava contando ao governo israelense que é possível fechar um acordo com o Hezbollah libanês, para evitar um novo front de uma guerra regional, quando o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, o interrompeu:

“Não fazemos acordos com nazis”.

Ben-Gvir, religioso de extrema-direita, continuou: “Como é que é possível (um acordo) sem guerra? Como é que acabamos com isso e saímos por cima? Não aprendemos a lição de 20 anos de acordos? Fazemos um acordo e, passado um ano ou dois, eles violam as nossas mulheres e matam os nossos filhos”.

Outro ministro, Ron Dermer, próximo a Netanyahu, apaziguou: “Mas mesmo que ganhemos a guerra, chegaremos a um acordo, não acha ministro Ben-Gvir? A situação na reunião governamental quase saiu do controle quando o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, também de extrema-direita, insinuou que o chefe do Estado Maior, general Herzi Halevi, dormia profundamente na véspera do ataque do Hamas às cidades e kibutzim da fronteira com Gaza, em 7 de outubro de 2023.

Halevi se levantou e gritou para Smotrich: “Retire o que disse! ” O ministro da Defesa Gallant, em pé também, dirigiu-se à Netanyahu: “Você não pode permitir que os ministros se intrometam nas Forças de Defesa de Israel e no Shin Bet. Este é um fenômeno sério que nunca aconteceu e põe Israel em perigo”.

Restabelecido o cessar-fogo entre os ministros, prosseguiu o debate sobre a escalada no Líbano. Israel quer que o Hezbollah se afaste da fronteira, deixando entre os dois um cinturão de segurança como existia antes da invasão israelense a Beirute, em 1982. A OLP tinha por limite o rio Litani, a 29 quilômetros de distância.  Os EUA e a França tentam criar essa zona tampão com diplomacia. A alternativa é afastar o Hezbollah à força, um estopim para uma guerra. A população do norte israelense foi removida para o sul, logo que os mísseis começaram a cair, em solidariedade à guerra em Gaza, nove meses atrás. São 60 mil pessoas que querem voltar às suas casas e restabelecer a vida normal, com escolas, comércio e bancos abertos.

O Hezbollah ameaça lançar 3 mil mísseis por dia, capazes de acertar qualquer ponto do território de Israel. Seus combatentes passaram por treinamento de guerra real, na Síria, defendendo o presidente Assad. E são armados pelo Irã. O perigo é tanto que os EUA estão enviando um porta-aviões para a região. A guerra regional poderia envolver diretamente os Guardiães da Revolução iraniana e os rebeldes Houtis do Iêmen, atualmente impedindo o livre trânsito de navios na direção do Canal de Suez.

Nesta sexta-feira, tropas israelenses que estavam em Gaza começaram a ser transferidas para a fronteira do Líbano. Planos para uma guerra já estão aprovados pelo governo Netanyahu e foram discutidos, nos EUA, pelo ministro da Defesa, Yoav Gallant.

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