'Cenário de guerra', diz morador de Maresias após chuvas no litoral de São Paulo

Chuvas que atingiram a região destruíram casas e deixaram moradores e turistas ilhados sem ter para onde ir

Por Luiza Lemos

'Cenário de guerra', diz morador de Maresias após chuvas no litoral de São Paulo
Moradores relatam cenas de terror na região
Reprodução/Kauã Giangiulio

Kauã Giangiulio foi acordado durante a madrugada de sábado para domingo (19) com a chuva atingindo o jardim da casa onde estava na praia da Baleia, litoral de São Paulo. O músico, morador de Maresias, diz ter passado por cenas de terror até conseguir retornar para casa em segurança, após cinco dias preso na região de São Sebastião, cidade mais afetada pelas tempestades que mataram quase 50 pessoas. 

Segundo Kauã, ele não perdeu nenhum bem ou teve prejuízos, mas citou que perdeu uma amiga na tragédia. “Ela estava na estrada do Maquininha, em Boiçucanga. Ela estava em casa, lutando contra a enchente. quando tentou descansar, o morro desabou na casa dela e a soterrou”, afirma. 

Marcos Vinícius Santos, conhecido como Bigui, estava em Toque-Toque Grande na hora da tragédia e também foi acordado, mas com a lama atingindo a casa em que estava. Ele diz ter sobrevivido por pouco da enxurrada de lama. “Eu estava com amigos e assim, a gente ia morrer, foi caótico, tirando as casas de cima, a nossa foi a primeira a ser atingida. Para ter uma noção, já era carro, casa”, afirma o baterista.

Ele explica que não conseguia sair pelas janelas, pois tinham uma sustentação de ferro. “Então, eu sozinho arrebentei uma porta de madeira maciça na porrada, meus pés estão inchados, eu quebrei a porta de dois metros no meio, na vertical e eu estava quase na barriga cheio de lama, quase não dava pé para chutar a porta. Dei dois murros, a porta voou longe", diz. 

No caminho para casa, Kauã comentou que a região parece um “cenário de guerra”. “É muita lama, fila, trânsito, árvores caídas. O barulho dos helicópteros parece filme de terror”, comenta.

Como relatado por muitos moradores e turistas que estavam na região, mercados inflacionaram o preço. Kauã, que relatou passar mais de três horas na fila do mercado, diz ter pago R$ 15 no litro de leite e R$ 20 em uma cartela de ovos. 

Ele conta que estava em contato com os pais, que estavam em Maresias, durante a madrugada, mas logo teve o sinal cortado pelas chuvas. “Meus pais pararam de falar comigo pela manhã e fiquei sem comunicação até 20h do mesmo dia. Foi complicado, mesmo sabendo que estava tudo bem em Maresias, fiquei desesperado com a situação”, relembra.

Chuvas deixaram mortos e desaparecidos

Segundo o governo do estado de São Paulo, 52 mortes foram confirmadas na região após as fortes chuvas. Pelo menos 47 são de São Sebastião e uma de Ubatuba. Outras 34 estão desaparecidas. A Defesa Civil pontua que ao menos 26 pessoas foram resgatadas com vida. 

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