
O delegado Luiz Carlos do Carmo, responsável pela investigação que apura a morte da jovem Vitória Regina de Sousa, declarou nesta terça-feira (18) que Maicol Antonio Sales agiu sozinho no crime. Ele confessou a autoria do assassinato.
“Ele estava sozinho no momento que ele arrebatou a vítima. A testemunha foi clara e objetiva quanto o veículo era dele. Entretanto, a pessoa que estava no veículo estava com um capuz, comprado na internet, e realmente ele tinha um capuz. A polícia identificou também uma pá e uma enxada, que foi localizada próximo ao corpo da vítima e foi reconhecida pelo pai como sendo dele”, afirmou o delegado.
Durante a coletiva de imprensa, Luiz Carlos do Carmo reforçou que Maicol estava monitorando a vítima desde o ano passado, sendo que várias fotos foram encontradas no aparelho celular dele.
“É muito difícil ter um criminoso que trabalha com o mesmo perfil comportamental. Uma pessoa dessa não consegue trabalhar com outro psicopata. Na literatura da psicopatologia forense, os registros demonstram que somente poderia só ele praticar esse crime. Geralmente, eles são extremamente narcisistas, egocentristas e controladores (...). Então, na literatura fica claro que somente ele participou desse crime”, declarou o delegado.
Durante a coletiva, o delegado Luiz Carlos do Carmo confirmou que Maicol Antonio Sales confessou o crime durante a madrugada, como divulgado pela Band.
“Fica muito claro que ele era obcecado pela vítima. Inclusive, nessa busca do Cellebrite, encontramos 50 fotos de pessoas com a aparência física parecida com a vítima. A polícia procurou identificar todas aquelas pessoas para ver se tinha um boletim de ocorrência sobre desaparecimento, mas nada tinha acontecido com essas pessoas”, completou.
Segundo o delegado, ainda falta a divulgação de alguns laudos, mas já há informação de que a vítima morreu de hemorragia traumática decorrente de um instrumento cortante.
“Ele fala da arma, ele fala que realmente esfaqueou a vítima naquele momento do arrebatamento. Por isso que o laudo sexológico não tem sêmen. Foi justamente no arrebatamento que a vítima reagiu”, disse Luiz Carlos do Campo.
“A gente não tem a menor dúvida quanto ele ser o autor desse crime e o mais importante: passo fundamental em prendê-lo. Nós não conseguimos salvar a vítima Vitória, mas outras poderiam, realmente, estar na linha de frente desse perigoso ‘jack’”.
Confissão de Maicol
Segundo o delegado, Maicol chamou os advogados para que fizesse a confissão, mas a defesa não queria que o suspeito realizasse a declaração.
“Diante de tantas provas que já tinham sido corroboradas no inquérito, ele comunicou os advogados para estarem presentes no interrogatório (...). Nós sabíamos que ele queria esclarecer todos os fatos. Os advogados foram chamados, quando chegaram, pediram para que o réu não falasse nada”, disse o delegado.
“A confissão não é prova absoluta, ela tem que estar conexo a outras provas, inclusive até no local onde foram queimados os objetos das vítimas. Então, sem dúvida nenhuma, identificamos e individualizamos o autor desse crime, o Maicol, como sendo, realmente, a pessoa que praticou essa brutalidade contra a vítima”, finalizou.
O que aconteceu?
A Vitória trabalhava em um shopping da região e desapareceu na noite de 26 de fevereiro, quando voltava para casa após o expediente. Imagens de câmeras de segurança mostram Vitória caminhando em direção a um ponto de ônibus – trajeto que costumava fazer diariamente.
Dois homens em um carro pararam brevemente para conversar com ela. Desconfiada da abordagem, a jovem enviou mensagens para uma amiga, expressando seu desconforto com a atitude da dupla.
Enquanto ela ainda estava no local, outros dois homens chegaram ao ponto e também permaneceram ali. Os três embarcaram no ônibus, mas, segundo Vitória, eles teriam descido antes dela.
Segundo o depoimento do motorista do ônibus, ela desceu sozinha no mesmo local de sempre, em uma estrada de terra do bairro Ponunduva, região de chácaras onde vivia com a família. Esse foi o último lugar onde foi vista.
Quando Vitória foi encontrada?
O corpo de Vitória foi encontrado na tarde de quarta-feira (5) em uma área de mata fechada em Cajamar, a cerca de 5 quilômetros de sua casa, já em estado avançado de decomposição. Ela foi identificada pelos familiares através de uma tatuagem de borboleta na perna e um piercing no umbigo.