O ex-vereador Jairinho se negou a responder as perguntas durante a audiência de instrução do caso Henry Borel, que acontece nesta quarta-feira, 09, no Rio de Janeiro. A professora Monique Medeiros, mãe do menino, também foi ouvida. Os dois são acusados de homicídio qualificado e tortura contra o garoto de 4 anos.
Durante o interrogatório, que durou menos de 10 minutos, Jairinho, que agora é defendido pelo ex-advogado do pai de Henry, disse “nunca ter encostado em nenhum fio de cabelo do menino Henry”, mas informou que não falaria enquanto as demais diligências não fossem concluídas. O ex-vereador quer um confronto entre os peritos e alegações da defesa.
A defesa diz que um dos peritos descartou anotações importantes que envolviam o laudo feito após a morte de Henry. Também foram solicitadas imagens do Instituto Médico Legal (IML) e do hospital aonde a criança foi levada no dia da morte.
Para Jairinho, as demais diligências são necessárias e provarão a inocência dele e da esposa, mãe do menino.
Monique diz que filho era amoroso
O interrogatório de Monique começou antes do meio-dia e durou mais de sete horas. Ela chorou bastante enquanto se lembrava do filho e do relacionamento com o pai biológico dele, Leniel Borel.
Monique se referiu ao filho como dócil, carinhoso, amoroso, inteligente e a “criança mais maravilhosa que já teve o prazer de conviver”. No primeiro encontro entre Jairinho e Henry, narrado pela acusada, o menino teria perguntado quando voltaria a ver o então padrasto.
A professora também acusou Jairinho de ciumento, controlador e que chegou a contratar alguém para segui-la, bem como responder mensagens pelo celular da esposa. Monique ainda relatou casos de agressão por parte do marido.
Para Monique, os fatos da denúncia não são verdadeiros e disse que conheceu Jairinho durante uma campanha política, quando ele pediu ajuda quando a professora dirigia uma escola.
Monique disse que, na noite da morte de Henry, tinha tomado remédios para dormir e foi acordada por Jairinho, que disse ter ouvido um barulho no quarto do garoto.
Manifestação contra casal
Após a sessão, caberá à Justiça do Rio de Janeiro definir se o caso será encaminhado a júri popular, encaminhado a outra competência ou se o casal será absolvido. Em frente ao TJ-RJ, houve manifestação contra Jairinho e Monique, inclusive com a presença da mãe de Eliza Samúdio, ex-namorada do goleiro Bruno ,desaparecida desde 2010.
Monique e Jairinho estão presos desde abril do ano passado, acusados por homicídio triplamente qualificado, tortura, coação de testemunha e falsidade ideológica. Se condenados, podem pegar até 30 anos de prisão.
Caso Henry
O ex-vereador Jairinho é reu por homicídio triplamente qualificado e tortura, além de coação de testemunhas, pela morte de Henry Borel, de 4 anos, em 8 de março, em seu apartamento na Barra da Tijuca, no Rio. Já a mãe de Henry, Monique Medeiros, foi denunciada por homicídio, tortura omissiva, falsidade ideológica e coação de testemunha.
Jairinho também é acusado de agressão e tortura em outros dois casos: a tortura da filha de uma ex-namorada, entre 2010 e 2013, além do caso de agressões contra o filho de ex-namorada Débora de Mello Saraiva, que teriam sido cometidas entre 2015 e 2016.
Especialistas que acompanharam o caso e tiveram acesso aos laudos periciais acreditam -- com base na descoloração das marcas no corpo do garoto -- que Henry pode ter morrido no fim da noite de 7 de março, e que o corpo pode ter ficado no apartamento por quase cinco horas antes de Monique e Jairinho levarem o menino ao hospital, por volta das 4h.
Com o desenrolar do caso, Jairinho teve o mandato cassado como vereador do Rio em 30 de junho. Ele foi o primeiro parlamentar da história da Câmara de Vereadores fluminense e perder o cargo.
Relembre aqui a cronologia de como foi o caso Henry Borel.