O suspeito de participar dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, detido em flagrante nesta quinta-feira (7) por uso de documentos falsos, disse à Polícia Federal (PF) que não tem envolvimento com os homicídios e a ocultação dos corpos.
Conhecido como Colômbia, o homem compareceu voluntariamente à delegacia da PF em Tabatinga, no Amazonas, a pretexto de saber se estava sendo investigado e para refutar acusações veiculadas na imprensa. Acabou preso em flagrante após apresentar duas identidades, uma brasileira, outra colombiana, cada qual com um nome.
“Inicialmente, ele apresentou um documento brasileiro no qual é identificado como Rubens Vilar Coelho, nascido em Benjamim Constant [Amazonas]. No decorrer do depoimento ele acabou dizendo que nasceu em Leticia [Colômbia] e apresentou um documento colombiano com outro nome, Rubén Darío da Silva Vilar”, declarou o superintendente da PF no Amazonas, delegado Eduardo Alexandre Fontes, ao explicar por que Colômbia acabou detido em flagrante.
Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (8), em Manaus, Fontes disse que autoridades brasileiras e peruanas estão checando a suspeita de que Colômbia teria mais uma identidade, peruana.
“Aguardamos pela decisão judicial na expectativa de que ele permaneça preso. Até para que possamos esclarecer qual é realmente a sua identidade”, disse o delegado Fontes, ao informar que um inquérito foi instaurado apenas para investigar o uso de documentos falsos por Colômbia. “Entendemos que não é o caso de ele ficar em liberdade provisória, afinal, não sabemos sequer sua real identidade. Se ficar em liberdade, ele provavelmente vai fugir”, acrescentou Fontes.
De acordo com o delegado, Colômbia negou “veementemente” qualquer participação nos assassinatos de Bruno e Dom. Colômbia disse que conhece ao menos um dos três suspeitos detidos por envolvimento nos crimes, o pescador Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, com quem teria “relações comerciais”, já que costuma comprar peixes dos pescadores da região do Vale do Javari (onde o indigenista e o jornalista foram mortos) para revender.
“Até o momento, o que há [evidenciado] é uma relação comercial [de Colômbia] com alguns pescadores. Agora, estamos investigando se existe apenas esta relação comercial ou se existe uma [associação com a] pesca ilegal; se ele [Colômbia] participa efetivamente, financiando-a”, acrescentou o delegado. Segundo Fontes, até o momento, as suspeitas de que Colômbia também tem ligações com narcotraficantes que atuam na região só foram apontadas na imprensa.
Vítimas desapareceram em junho
Dom e Bruno foram vistos pela última vez no dia 05 de junho, na região do Vale do Javari, no Amazonas. No dia 15 do mesmo mês, Oseney da Costa, um dos suspeitos preso pela Polícia Federal, confessou os assassinatos. O irmão Amarildo dos Santos também teria participado.
Dom e Bruno foram rendidos e mortos pela dupla. Os corpos foram decepados, esquartejados e queimados, e depois jogados em uma vala, segundo relatou o preso.
O motivo do crime teria sido a pesca ilegal na região. Os irmãos pescavam pirarucu, peixe nativo da Amazônia, quando foram alertados por Bruno e Dom, que teriam fotografado a ação. Em seguida, o jornalista e o indigenista foram rendidos e levados para uma vala.
Além da prisão do peruano, a PF prendeu, até o momento, quatro pessoas pelo suposto envolvimento no crime contra Dom e Bruno. A seguir, veja os perfis dos suspeitos!
Amarildo, o "Pelado"
O pescador Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como "Pelado", foi o primeiro suspeito a ser preso. Segundo a PF, ele foi detido em flagrante ameaçando indígenas que ajudavam na busca por Dom e Bruno. Além de ter um histórico de ameaças contra Bruno Pereira.
Após quase uma semana detido, Amarildo confessou a participação no crime. Ele afirma que ajudou na ocultação dos corpos, mas nega que tenha atirado nas vítimas.
Oseney, o "Da Costa"
No dia 14, a PF efetuou a prisão de Oseney da Costa, o “Da Costa”. Ele é irmão de Amarildo e também teria confirmado a participação no crime à polícia. Ele foi quem disse que as vítimas foram esquartejadas e incendiadas.
Jeferson, o "Pelado da Dinha"
Jeferson da Silva Lima, também conhecido como “Pelado da Dinha", foi preso no dia 18 de junho, em Atalaia do Norte, cidade da região do Vale do Javari. Ele se entregou à polícia após mandado de prisão expedido pela Justiça do Amazonas.
Gabriel Pereira Dantas, o quarto suspeito
Gabriel Pereira Dantas, o quarto suspeito, foi preso em São Paulo. A informação foi dada em primeira mão ao apresentador José Luiz Datena, na Rádio Bandeirantes, pelo delegado Roberto Monteiro, da Seccional do Centro.
Em depoimento à polícia, o homem afirmou que conduziu a embarcação usada nas mortes de Dom e Bruno.