Um casal foi preso na cidade de Sorocaba (SP), a cerca de 100 km de São Paulo, suspeito de torturar uma criança autista. A prisão foi anunciada nesta sexta-feira (19) pela SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do estado de São), embora tenha ocorrido na tarde da última quarta-feira (17), na Vila Barão.
Segundo a pasta, a vítima – um menino de 8 anos – foi encontrada no domingo (14) desorientada e com marcas de agressão. Então, foi levada pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ao Conjunto Hospitalar da cidade.
Inicialmente, a ocorrência foi registrada como lesão corporal de natureza grave e encaminhada ao 4º Distrito Policial de Sorocaba, que iniciou as investigações. Após apuração, os suspeitos foram identificados.
Diante da investigação, a Justiça concedeu mandados de busca e apreensão e de prisão temporária contra o casal, um homem de 57 anos e uma mulher de 59. Policiais então se deslocaram até o endereço dos dois, encontrando apenas o homem no local. Ele foi indiciado pela prática dos crimes de tortura e tentativa de homicídio qualificado, com agravantes de motivo torpe, crueldade, tortura, impossibilidade de defesa da vítima, além de posse de arma, crimes ambientais e jogo de azar.
A mulher foi encontrada escondida na casa de uma filha, em um bairro próximo, e responderá pela prática do crime de tortura. Segundo a Polícia Civil, as penas do casal podem ser agravadas pelo fato de o crime ter sido cometido contra uma criança, e ainda portadora de autismo.
No endereço do casal, os policiais acharam roupas e calçados usados pelo homem no dia do crime, assim como uma ripa de madeira e um caibro com pregos, usados nas agressões. O Instituto de Criminalística coletou material genético no imóvel. O conteúdo foi todo encaminhado para perícia.
“Fora todo material de interesse às investigações do crime de tortura, ainda foram encontrados um revólver calibre 38 e 11 cartuchos íntegros, duas maquinas caça-níqueis, 43 botijões de gás armazenados irregularmente e sete pássaros silvestres que eram mantidos em cativeiro e em situação de maus tratos”, afirmou o delegado Fabrício Lopes Ballarini.
“As manchas existentes na calça do suspeito já foram confirmadas serem de sangue humano, conforme informações fornecidas por peritos do Instituto de Criminalística. Além disso, também foi coletado material de DNA da vítima para confronto dos materiais genéticos”, acrescentou.
O crime
De acordo com a SSP-SP, a criança andava pela rua quando percebeu que a câmera de segurança de uma residência estava torta. Ao tentar endireita-la, foi abordada pelo morador, que levou a vítima para dentro e passou a agredi-la.
“O casal torturou a criança na tentativa de fazê-la confessar quem teria mandado ela [supostamente] furtar o equipamento”, afirmou o delegado.
Na sequência, o homem usou uma caminhonete para abandonar a criança machucada em uma área de mata do bairro. No matagal, o homem ainda voltou a atacar a criança – os ataques só foram interrompidos após a aproximação de um morador de rua.
O agressor fugiu do local, e o morador de rua levou a criança até um estabelecimento comercial em busca de socorro. Lá, foi solicitado o atendimento.