O casal acusado de maus-tratos e tortura contra crianças em uma escola infantil no bairro do Cambuci, em São Paulo, teve a prisão preventiva mantida pela Justiça nesta quarta-feira (28). A decisão ocorreu após audiência de custódia dos acusados.
Segundo a decisão, não se verificou “a existência de qualquer irregularidade ou ilegalidade no cumprimento da prisão temporária” de Eduardo Mori Kawano e Andreia Carvalho Alves Moreira.
Os dois foram presos na terça-feira (27), em cumprimento de um pedido de prisão preventiva feito na quinta (22). Segundo o delegado do caso, vídeos, fotos e testemunho de professores e pais foram suficientes para deixar os dois presos por pelo menos 30 dias, enquanto as investigações continuam. “Investigação foi feita, só faltam alguns detalhes, agora espero que a prisão se transforme em preventiva”, afirmou Fábio Daré após a prisão.
O casal é dono de uma escola infantil com cerca de 30 alunos, crianças do berçário até os 7 anos de idade, na região central de São Paulo. Vídeos e fotos mostram que os dois agrediam as crianças, faziam ameaças, gritavam e davam castigos severos, como amarrar um aluno num poste.
Após as denúncias, a escola foi fechada e as aulas foram suspensas por tempo indeterminado.
Professora relata tortura psicológica contra crianças
Uma professora fez a primeira denúncia há uma semana e depois disso outros ex-funcionários também contaram detalhes das agressões. Mesmo notando comportamento estranho nos filhos, muitos pais só ficaram sabendo das torturas quando os reconheceram em fotos e vídeos.
Uma das professoras trabalhou na escola infantil durante dois anos. Ela afirmou à Band que saiu do local porque não suportava mais o que presenciava, sem poder fazer nada.
“Eles costumavam bater na cabeça das crianças e apertar as mãos ou os dedos até a criança falar ou fazer o que eles queriam”, declarou a ex-professora da escola infantil ao Bora Brasil.
Além disso, a professora contou à Band que o cardápio que a escola apresentava aos pais era rico, com verduras, frutas e alimentos variados. Mas, segundo ela, a realidade não era essa. “Na realidade era sempre a mesma coisa, carne moída e salsicha requentados”, declarou.
No entanto, não eram todas as crianças que podiam se alimentar. “As crianças que tinham inadimplência na matrícula não recebiam refeição, colocavam na mesma mesa, mas não davam a refeição. A gente, às vezes, quando eles não estavam perto, a gente dava”, desabafou.
“Chega nem a ser ruim, são perversos mesmo. Eles gostavam, eles tinham o prazer de judiar das crianças”, completou a professora.