Memorial Brumadinho tridimensionaliza dor das vítimas da tragédia, diz Gustavo Penna

Arquiteto renomado e premiado, Gustavo Penna é o convidado do Canal Livre deste domingo (9)

Da redação

O arquiteto que projetou o Memorial Brumadinho, em homenagem às vítimas da tragédia que assolou a cidade em 2019, destacou a importância do monumento para os sobreviventes. Entrevistado pelo Canal Livre que vai ao ar neste domingo (9), Gustavo Penna vê a obra como uma forma de tornar concreta a revolta de quem sofreu com o desastre.

“Quanto àquela dor [da tragédia de Brumadinho], o tempo não pode deixá-la decrescer de importância. Ela tem que ser sempre relevante. Então, esse lugar é um lugar para isso. É um lugar onde mora a revolta, a indignação, aquela dor, de uma forma potente e imperecível”, disse o arquiteto.

O Canal Livre desta semana tem a apresentação de Rodolfo Schneider e participação dos jornalistas Fernando Mitre, Olívia Freitas e Gisele Kato. O programa vai ao ar às 20h, na BandNews TV, com transmissão simultânea canal Band Jornalismo, no YouTube. Na TV aberta, a exibição ocorre à meia-noite.

Na entrevista, Penna enfatizou o objetivo do projeto, no que diz respeito ao levante de uma obra que não se perdesse no tempo e que representasse força. Para ele, cabe à arquitetura sintetizar, em paredes, o sentimento das pessoas. Neste caso, dos sobreviventes de Brumadinho.

A proposta do memorial foi essa, de não fazer uma coisa frágil, uma coisa que o tempo não pudesse dissolver. A gente queria deixar paredes grossas, ásperas, duras (arquiteto Gustavo Penna)

O Memorial Brumadinho

Aberto em 2025 e com visitação gratuita, o Memorial Brumadinho é um espaço dedicado às vítimas fatais do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, ocorrido em 2019, em Brumadinho (MG). Ele nasce de uma iniciativa fruto da mobilização dos familiares para honrar as 272 vidas perdidas na tragédia.

O memorial abriga um bosque com 272 ipês-amarelos (plantados em homenagem a cada um dos mortos), um espaço meditativo, uma escultura-monumento, uma drusa de cristais, duas salas de exposição (Memória e Testemunho), entre outros.

“O que acho mais importante dessa sua pergunta [sobre o impacto do Memorial Brumadinho] é que ela tem a legitimidade da dor daquela gente, quem pediu o memorial. É a única maneira de você tridimensionalizar uma emoção. A emoção é abstrata. Por isso que existe um lugar. Por isso, que a arquitetura tem a sua missão nesse tempo aí, de escutar a dor daquela gente e tentar transmitir, sintetizar, num espaço arquitetônico, o sentimento”.

Arquiteto premiado

Gustavo Penna é um renomado arquiteto mineiro, ganhador de prêmios internacionais e autor de projetos icônicos, como o Museu de Congonhas, o novo Estádio do Mineirão, a requalificação do edifício do Touring Club, em Brasília, projetado por Oscar Niemeyer, além, é claro, do Memorial Brumadinho, citado nesta matéria.

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