João Doria descarta uso político de vacinação em SP e mira alianças para 2022

Governador de SP lembrou encontro com Sergio Moro em dezembro: 'Nosso diálogo foi um diálogo bom'

Por Da redação

Pré-candidato do PSDB à presidência da República em 2022, João Doria rechaçou a possibilidade de ter feito ou fazer uso político da vacinação contra a Covid-19.

Em entrevista ao Canal Livre deste domingo (9), o governador de São Paulo afirmou que precisou tomar medidas consideradas impopulares para combater a pandemia do novo coronavírus no estado.

“Eu nunca transformei a visão, a decisão e a defesa da vacina em processo eleitoral. Eu fiz aquilo que era minha obrigação fazer. Era muito mais fácil para mim adotar posição populista - e a posição populista era deixar o comércio funcionar; era não criar a primeira quarentena do país, que foi criada em São Paulo; era não tornar obrigatório o uso de máscaras”, disse.

“Se eu quisesse ser populista, fazer uso eleitoral, não teria tomado essas medidas. Elas custaram muito caro para mim, eleitoralmente, popularmente. Mas eu não me preocupei com isso”, acrescentou Doria.

Ao longo da entrevista, Doria defendeu um Estado forte, sem que seja necessariamente grande. Para o governador de São Paulo, é função pública atuar em determinadas áreas, como na área da saúde, deixando outras livres para a iniciativa privada.

“O Estado tem que ser forte, porque tem que ter credibilidade, tem que ter confiança – primeiro da população que o elegeu. A democracia se fortalece com as eleições. Depois, confiança do mercado”, afirmou.

“Não há necessidade de o Estado ser grande. O Estado tem que ser menor. Não tem que ser necessariamente mínimo, mas menor. E forte onde? Em saúde, em educação, em transporte, em habitação social, em proteção ambiental. Essas são as áreas onde o Estado tem que ser eficiente e eficientemente forte.”

Segundo turno e alianças

A postura de Doria é alvo de críticas recorrentes de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Embora os dois tenham se aproximado na campanha eleitoral de 2018, o governador paulista não vê Bolsonaro em condições de ir ao segundo turno das eleições à presidência em 2022.

“Eu não acredito que Bolsonaro vá para o segundo turno das eleições. Mesmo com 20, 25% (das intenções de votos em pesquisas), eu vejo ele em declínio. Evidentemente, o tempo vai dizer se estou certo ou errado”, disse Doria. “E vejo Lula (PT) disputando o segundo turno das eleições. Ele tem mantido uma estabilidade no seu comportamento das pesquisas.”

Apesar da avaliação, Doria disse acreditar que o resultado das eleições deve ser bem diferente do que as pesquisas têm mostrado até aqui.

“Nenhuma pesquisa antecipa resultado. Nenhuma”, afirmou. “Acho que até junho, entre maio e junho, isso já estará bem posicionado, diferente da situação de hoje. Você não pode ser ansioso na política. Isso eu aprendi.”

Frente à dianteira de Lula e Bolsonaro nas pesquisas, Doria indica que o PSDB deve buscar alianças para ganhar terreno. Para o governador paulista, as alianças devem também assegurar a eleição de Rodrigo Garcia (PSDB) ao governo de São Paulo.

“O PSDB vai construir alianças sólidas, verdadeiras e convergentes. Não adianta fazer aliança com quem não tem convergência de pensamento, de ideal, de transparência, de posicionamento”, analisou.

“Nós vamos eleger Rodrigo Garcia governador do estado de São Paulo. Ele será nosso sucessor. Estou afirmando aqui agora para vocês me cobrarem depois. Ele vai ser eleito governador do estado de São Paulo”, completou.

Entre as alianças possíveis, Doria admite proximidade com Sergio Moro (Podemos). Os dois pré-candidatos se reuniram em dezembro na casa da deputada federal Renata Abreu (Podemos-SP) e devem manter diálogo até o meio do ano para a formação de uma via alternativa a Lula e Bolsonaro.

“Eu gosto do Sergio Moro. O mundo da política não gosta dele. Eu tenho uma boa relação com ele e respeito Sergio Moro. Primeiro porque eu o conheço de antes de estar na política, e mantive essa mesma relação depois de entrar na política. E nosso diálogo foi um diálogo bom”, relatou.

“Foi um bom entendimento. Foi dentro desse contexto de que vamos manter esse diálogo aberto até maio, junho. Aí sim, vamos ver quem tem a melhor viabilidade para disputar em nome dessa terceira via para ser a melhor via”, completou.

O Canal Livre deste domingo (9) vai ao ar às 20h na BandNews TV, e às 23h na Band. A apresentação é de Eduardo Oinegue. Participam da bancada os jornalistas Fernando Mitre e Adriana Araújo.

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