Na avaliação do economista e ex-presidente do Banco do BRICS, Marcos Troyjo, a inflação brasileira é resultado dos nossos dilemas domésticos. Em em entrevista ao Canal Livre, ele explicou o atual momento da economia e as perspectivas futuras.
“A inflação brasileira é, essencialmente, o resultado dos nossos dilemas domésticos. Nós temos uma conjuntura em que o governo brasileiro continua em expansão fiscal, continua sinalizando o mercado que não vai rever a sua sobriedade nos gastos públicos. Isso encomenda uma percepção do mercado que acaba influenciando aqueles que praticam os preços na economia a tentar encontrar esse ponto de equilíbrio mais no futuro, isso significa preços, mais altos”, disse.
Troyjo também falou sobre como o expansionismo fiscal do governo federal e a política restritiva do Banco Central se anulam.
“Você tem hoje uma política monetária bastante restritiva, que é a responsabilidade do Banco Central. A grande missão institucional do Banco Central do Brasil é guardar o valor de compra da economia. É uma situação parecida quando você está dirigindo o carro e você liga o aquecedor, no inverno. Só que você abre a janela. Então, por um lado, o gasto, do governo funciona como um aquecimento do veículo, por outro, porque você abriu a janela e entra um determinado vento. São as forças que se anulam entre, mais uma vez, o expansionismo fiscal do governo e uma política bastante restritiva do Banco Central”, explicou.
Para este ano, o ex-presidente do Banco do BRICS diz que a economia brasileira deve perder vigor e ter um desempenho inferior ao dos últimos três anos.
“Eu acho que aqui, se é que existe uma incógnita, me parece que não haverá grande mudança de rumo por parte da política econômica do atual governo, é enfim, sinaliza mais dificuldade com o tema inflacionário, porque não haverá uma grande inflexão nos gastos públicos. Então, o Banco Central vai continuar tendo de praticar taxas de juros que vão forçar, num determinado momento, a economia perder vigor, a perder estímulo e provavelmente a gente terá em 2025 um desempenho econômico inferior ao que foram os últimos três anos”, finalizou.