A reforma administrativa que será debatida em Comissão Especial da Câmara dos Deputados foi classificada como “decepcionante”, por João Santana, ex-secretário de administração federal (1990 a 1991, quando promoveu uma reforma administrativa) e ex-ministro da Infraestrutura (1991 a 1992).
Em entrevista ao Canal Livre deste domingo, Santana afirmou que o projeto “não toca na questão da estabilidade”. Além disso, para ele, “não resolve de uma vez por todas a questão do teto salarial”.
“Acho que a gente deveria dar um passo moderno, no sentido de não trabalhar com a estabilidade como é feito, como tábula rasa, onde eu jamais posso ser demitido. E sim trabalhar com a questão da segurança de que eu só posso ser removido, demitido, se houver um processo amplo”, argumentou.
João Santana, que está lançando o livro O Estado a que chegamos: a falência de um modelo de organização que impede o desenvolvimento nacional, cobrou também mudanças nas condições políticas para que uma reforma administrativa possa ser debatida. Para o ex-ministro, a resistência corporativa do Estado “aumentou tremendamente”.
Ao abordar o tema, João Santana fez críticas à proteção que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) faz a diversos setores do funcionalismo público – em especial, a militares.
“Acho que a situação é extremamente difícil. Mas pior ainda, eu acho hoje que o presidente da República, que é quem propõe a reforma, me parece que não é a favor da reforma”, afirmou.
O programa vai ao ar às 20h na BandNews TV, e será exibido na Band à 0h30. A apresentação é de Rodolfo Schneider. Participam da bancada o jornalista Fernando Mitre e o cientista político Fernando Schüler.