Canal Livre discute os impactos da pandemia na educação brasileira

Da Redação

É necessário um retorno rápido e seguro dos alunos para as escolas Andisheh A/Unsplash
É necessário um retorno rápido e seguro dos alunos para as escolas
Andisheh A/Unsplash

O Canal Livre deste domingo, 2, discutiu o futuro da educação brasileira e os impactos da pandemia no ensino do país. Para falar o sobre o tema, o programa recebeu o diretor de políticas públicas do Todos pela Educação, Olavo Nogueira Filho, e o presidente do conselho de administração da Ânima Educação, Daniel Castanho.

Olavo Nogueira Filho, do Todos pela Educação, trouxe dados relevantes para abordar o assunto, como o levantamento de que 30% dos alunos brasileiros sequer tiveram contato com as escolas ou os professores com as instituições fechadas desde o mês de marco devido à pandemia de coronavírus.

“Isso é grave. Demonstra os problemas de um País muito desigual e o que acontece quando o Ministério da Educação não age para tentar minimizar esses efeitos. A reabertura nos trará um desafio imenso”, pontua.

“Não se trata de retomar de onde paramos, será preciso uma ação mais enérgica do poder público porque os problemas existentes serão potencializados e novos problemas vão surgir”.

O especialista também falou sobre o ensino remoto que, caso não seja bem aplicado, pode ser um resultado negativo. “O problema do ensino remato mal feito é a quebra do vínculo entre o aluno e a escola. Essa é uma das principais variáveis da evasão escolar”, explica.

O diretor de políticas públicas do Todos pela Educação comentou ainda sobre a implementação da tecnologia no ensino brasileiro, algo que já estava pairando no ar, que teve o processo acelerado com a pandemia. “No Brasil, havia um cenário em que os professores não estavam preparados, do ponto de vista pedagógico, para o bom uso da tecnologia; quem sabe agora a tecnologia seja levada mais a sério como um investimento pelo poder público.”

Olavo Nogueira Filho destacou, por fim, a necessidade de um retorno rápido e seguro dos alunos para as escolas. “Pesquisas mostram que uma interrupção maior de três meses – e nós já estamos no quinto mês – tem danos graves para o desenvolvimento de crianças e jovens. Estamos falando de quebra de vínculo e quebra da rotina de aprendizado; fundamentalmente, em um país como o Brasil, falamos também do aumento de casos de abuso dentro de casa, má nutrição entre outros fatores extraescolares”.

Outro convidado do Canal Livre para falar sobre esse assunto é o presidente do conselho de administração da Ânima Educação, Daniel Castanho. O especialista iniciou a conversa com dados preocupantes sobre a educação brasileira.
“Nós oferecemos a mesma coisa para todo mundo. O aluno aprende de maneira passiva e, muitas vezes, sem significado. Aprender é por curiosidade e vontade. A escola aqui é para aprender por necessidade, que é a prova, o passar de ano. O aluno faz a prova não por ele, mas para o professor”.

Castanho cita uma “revolução” no ensino que passaria pela aprendizagem pelo interesse do aluno, matérias diferenciadas a depender do tipo de estudante, ou seja, um estudo personalizado.

O especialista comentou ainda sobre as questões que envolvem a desigualdade e a educação, algo que foi potencializado com o surto do novo coronavírus. “Ficou explícita essa dificuldade, ninguém mais consegue ficar neutro em relação a isso, está todo mundo incomodado”, pontua Castanho, que reforçou também a importância da internet nas escolas. “A infraestrutura básica de uma escola não pode ser mais só água, luz e esgoto. Tem que ter acesso à internet. Não só pela questão de conteúdo, mas também para criar uma comunidade de aprendizagem”.

O programa exibiu ainda depoimentos de duas especialistas no tema, a psicóloga Rosely Sayão e a educadora Cláudia Costin. A apresentação é do Rodolfo Schneider. Os jornalistas Fernando Mitre e Lana Canepa participam como entrevistadores.

Assista o programa na íntegra



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