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Canal Livre debate a saúde mental e a epidemia de distúrbios psicológicos

Programa recebe o psiquiatra Daniel de Barros e a jornalista Izabella Camargo, além dos entrevistadores Veruska Boechat e Rodolfo Schneider

Da redação

O Canal Livre deste domingo (6) debate a situação da saúde mental e a epidemia de distúrbios psicológicos no mundo e no Brasil. O programa contou com a participação do psiquiatra Daniel de Barros, autor de “Rir é preciso" e Izabella Camargo, âncora da rádio Bandeirantes e autora do livro “Dá um tempo!”.

O programa contou com a condução de Rodolpho Schneider e participação de Veruska Boechat. Para Izabella Camargo, que traz o debate sobre o burnout no livro e nas redes sociais, ela fala que o distúrbio, causado pela exaustão, é a “ausência de si mesmo”. 

"A minha definição de burnout é a ausência de si mesmo, a literatura médica diz que é esgotamento físico e mental em um ambiente em que não houve gerenciamento de estresse. Na prática, é a ausência de si mesmo, a gente se ausenta de nós mesmos em diversas situações. Como o medo de rir em situações em que não temos controle", analisa Izabella. 

O psiquiatra comenta que é preciso entender o momento de se levar menos a sério para ter menos chances de ter burnout. “A vida é séria, mas pode ser levada com leveza, quem se leva menos a sério, tem menos chance de ter um burnout”, afirma. 

Izabella contou que teve uma síndrome de burnout em 2018, mas ignorava sintomas há dois anos. “Tive um apagão ao vivo, mas tinha sintomas de enxaqueca, problemas no estômago, intestino, vasculares, crises nervosas, ansiedade, taquicardia. Eu lidava com dores, achava que era bobagem, mas teve uma hora que o corpo para e mandou um problemão, no meu caso, um apagão ao vivo”, relembra. 

Veruska relembrou que o marido, Ricardo Boechat, teve depressão em 2017 e questionou se aquilo poderia ser algo relacionado ao burnout. “Ele estava pifando intelectualmente, eu brincava que ele deveria trabalhar como uma pessoa normal, mas olhando para trás, percebi que ele estava ‘pifando’”, relembra. 

O psiquiatra explicou que há diversas maneiras de adoecer, mas há os que somente sofrem. “Os que sofrem, também precisam de cuidado, porque podem adoecer. O principal sinal é a mudança de padrão, sempre teve uma forma de trabalhar, de conviver, mas de repente, começa a mudar. É importante estarmos atentos a ver essas mudanças sutis", relata. Ele contou que passou por uma situação semelhante e ao detectar rapidamente e mudar a rotina de sono, conseguiu manter a saúde mental em dia. 

Durante o programa, os convidados debateram sobre como os últimos acontecimentos no Brasil e no mundo podem ter afetado o psicológico e como as pessoas podem rir das situações de estresse nas questões políticas, ou até retomar a convivência com parentes e amigos com quem discutiram devido às eleições. Para Daniel, o caminho para reconstruir as relações é o riso. 

"As pessoas têm medo de rir com pandemia, guerra, eleição, mas rir, não é autorização para tripudiar do sofrimento, não rir da ferida, da mágoa. Rir é encontrar, apesar disso, um lado bom e encontrar situações que remetam à emoções positivas. Uma das coisas mais terapêuticas que existem é trazer boas lembranças, como diz um ditado judaico, o riso é para a alma o que o sabão é para o corpo", pontua o psiquiatra. 

Saúde mental preocupa mais que câncer

No programa, os participantes comentaram a pesquisa que aponta que a saúde mental preocupa mais que câncer nos últimos anos. Daniel relembrou que 80% das pessoas com depressão não têm diagnóstico ou tratamento adequado. “Quando a saúde mental entrou em foco, em que a pandemia fez olharmos para isso, muita gente que estava doente procurou tratamento. O tema se tornou relevante porque a atenção das pessoas finalmente se voltou para algo que já era sabido”, afirmou. 

Veruska e Rodolfo citaram que há poucos anos atrás, a saúde mental não era falada na grande mídia, mas era algo que afetava os brasileiros. “Os famosos não falavam, agora todos resolveram contar o que passam. Uma das coisas que mais me surpreenderam após Boechat voltar para a rádio, em que ele fez um texto sobre o assunto, foi que eu não conseguia andar na rua, me paravam para falar que tinham depressão ou que conheciam alguém que lutava contra a depressão”, relembrou Veruska. 

Izabella comentou que as pessoas precisam se reconhecer. “Eu não me reconhecia no burnout, agora que falo, as pessoas comentam, me procuram para falar. É preciso um espelho para se reconhecer”, pontuou. 

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