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Canal Livre: após ataques em SP e SC, especialistas debatem os rumos da educação

Psiquiatra e pesquisador em educação defendem o monitoramento de comunidades on-line que propagam o ódio e pedem que ameaças sejam levadas a sério

Da redação

Quais os rumos da educação no Brasil, no contexto de pós-pandemia e de recentes ataques em escolas de São Paulo e Santa Catarina? Quem comenta o assunto são o pesquisador Alexandre Schneider e o psiquiatra Daniel de Barros, ambos entrevistados no Canal Livre deste domingo (9).

Esta edição do Canal Livre será apresentada por Rodolfo Schneider e terá a participação dos jornalistas Fernando Mitre e Thais Dias. O programa de hoje vai ao ar às 20h, no BandNews TV, e na tela da Band, depois do Terceiro Tempo.

“Escola é um ambiente seguro”

No início da entrevista, o psiquiatra reforça à população que a escola é um ambiente seguro, dada a raridade de ataques como os ocorridos em São Paulo, em escola estadual do bairro Vila Sônia, e em Santa Catarina, em creche privada na cidade de Blumenau. No primeiro caso, uma professora morreu. No outro, quatro crianças foram assassinadas.

“A gente precisa lembrar para as pessoas que a escola é segura. Isso é fundamental. O governo de transição levantou um número, acho, de 25 ou 35 óbitos de alunos, nos últimos 20 anos, em ataques escolares. Todos os anos, morrem, de morte violenta, 7 mil jovens e adolescentes no Brasil. Então, é mais seguro estar na escola do que não estar na escola”, pontuou Pereira.

“Levar ameaças a sério”

Em outra ocasião, o psiquiatra alertou quanto à necessidade de se levar ameaças a sério. A fala foi uma resposta ao questionamento do jornalista Schneider em que ele leu uma mensagem enviada por um ouvinte da BandNews FM. Na ocasião, a pessoa informou que um aluno postava sobre possível ataque em determinada escola.

“É importante levar a sério ameaças. Quando alguém ameaça, não necessariamente vai fazer alguma coisa, mas, em ataques dessa natureza, praticamente, em todos os casos, houve ameaças anteriores, nas redes sociais, entre colegas e tudo mais”, sublinhou Pereira.

Caça a comunidades de ódio

Já Schneider, o pesquisador em educação, destaca a necessidade de a polícia monitorar mais comunidades que propagam o ódio na internet. Segundo ele, eventualmente, alunos que se sentem “de lado” na escola buscam esses grupos.

“O mais relevante é a gente tentar olhar para essas redes de ódio que existem na internet. Quase todos esses casos foram ‘avisados’. Houve troca de mensagens. O modus operandi é semelhante, o mesmo tipo de máscara. Você tem comunidades na internet que espalham o ódio. Esse menino e menina que estão se sentindo de lado acabam participando dessas comunidades. Se a polícia monitorasse isso, seria mais fácil a gente se antecipar do que, eventualmente, colocar um policial”, analisou Schneider.

Identificação de “alunos invisíveis”

Schneider já foi secretário Municipal de Educação de São Paulo. Dada a experiência, ele ponderou que outra frente deve acontecer, agora “da porta para dentro da escola”, num trabalho de identificação de alunos “alterados”, “invisíveis”, vítimas de bullying ou de alguma violência até mesmo familiar.

“É importante que as escolas tenham protocolos para identificar aquele aluno que teve um comportamento alterado, aquele que é invisível, aquele menino um pouco mais calado, aquele que participa pouco da aula. Ele pode estar sendo vítima de bullying, de algum ato de violência fora, às vezes, até na própria família”, reforçou o pesquisador.

22 ataques e 30 mortos em 20 anos

Uma reportagem da Agência Brasil mostra que, desde 2022, houve 22 ocorrências de ataques em escolas executados por alunos ou ex-alunos, com base em um levantamento da Universidade de Campinas (Unicamp). A pesquisa exclui episódios de violência não planejados, a exemplo dos que decorrem de brigas.

Ao todo, 30 pessoas morreram, das quais 23 eram estudantes, cinco, professores, e dois, funcionários das escolas.

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