O uso de câmeras corporais nos uniformes da Polícia Militar de São Paulo evitou 104 mortes, revelou um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgado ontem (6). Segundo o estudo, as câmeras corporais tiveram um impacto positivo, reduzindo em 57% o número de mortes decorrentes de ações policiais em relação a unidades policiais onde ainda não houve a implantação dessa tecnologia.
“Considerando o número de áreas tratadas, isso significa que cerca de 104 mortes foram evitadas nos primeiros 14 meses de introdução das câmeras considerando apenas a região metropolitana da capital”, apontam os pesquisadores no relatório.
O estudo ainda concluiu que houve uma redução de 63% no número de lesões corporais decorrentes de intervenção policial após o uso das câmeras corporais.
O estudo foi elaborado pelos pesquisadores Joana Monteiro, Eduardo Fagundes, Julia Guerra (FGV) e Leandro Piquet (USP).
As câmeras operacionais portáteis, conhecidas como câmeras corporais, começaram a ser utilizadas pela Polícia Militar paulista em 2020. Essas câmeras de lapela são fixadas nos uniformes dos policiais para que suas ações nas ruas sejam monitoradas. O objetivo do governo paulista ao instalar as câmeras nos uniformes foi o de buscar reduzir a violência policial.
Para os pesquisadores, além de reduzir o uso excessivo da força, o uso desse tipo de equipamento também ajudou a ampliar a notificação de outros crimes. Com as câmeras, por exemplo, o total de apreensão de armas cresceu 24%. Já os registros de casos de porte de drogas cresceram 78% e, os de violência doméstica, aumentaram 102%.
“Além de violência doméstica, houve aumento no volume de notificações de ocorrências de baixo potencial ofensivo como furtos, discussões e brigas, agressões e ameaças. Esses resultados sugerem que as câmeras podem reforçar o cumprimento de protocolos e a notificação de ocorrências que costumam ser subnotificadas”, diz o relatório.
Para o estudo, os pesquisadores compararam unidades policiais da região metropolitana de São Paulo que contam com a tecnologia e as que ainda não utilizam as câmeras. A pesquisa analisou o período entre janeiro de 2019 e julho de 2022 e foi feita utilizando duas fontes de dados: os registros de ocorrência lavrados pela Polícia Civil e que incluem informações, por exemplo, sobre mortes e lesões corporais decorrentes de intervenção policial; e os boletins de ocorrência da Polícia Militar.