Câmara aprova projeto que prevê salários iguais para homens e mulheres

Texto aprovado determina que empresas com mais de 100 empregados publiquem, a cada 6 meses, relatórios de transparência salarial. Proposta segue para análise no Senado

Da Redação com Agência Câmara

Câmara dos Deputados
Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Câmara dos Deputados aprovou na sessão deliberativa desta quinta-feira (4) a proposta do governo federal que institui medidas para garantir a igualdade salarial entre mulheres e homens no exercício da mesma função. O texto segue agora para análise do Senado.

Segundo o texto aprovado, em caso de discriminação por motivo de sexo, raça, etnia, origem ou idade, além das diferenças salariais, o empregador deverá pagar multa equivalente a dez vezes o valor do novo salário devido ao empregado discriminado.

Em caso de reincidência, a cobrança será o dobro e a punição vale para discriminação salarial por nacionalidade, idade, etnia ou sexo. 

“A Câmara acaba de aprovar, por maioria absoluta, a igualdade de salários entre mulheres e homens. Uma vitória importante para que, de uma vez por todas, tenhamos salários iguais para trabalhos iguais. Agradeço as deputadas e deputados pelos votos favoráveis ao projeto apresentado por nosso governo no dia 8 de março”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em publicação nas redes sociais.

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“É uma vitória importante para que, de uma vez por todas, tenhamos salários iguais para trabalhos iguais. Agradeço às deputadas e deputados pelos votos favoráveis ao projeto apresentado por nosso governo", reforçou em discurso no Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS). 

O texto aprovado altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para definir que a igualdade salarial será obrigatória. Para isso, estabelece mecanismos de transparência e de remuneração a serem seguidos pelas empresas, determina o aumento da fiscalização e prevê a aplicação de sanções administrativas.

A proposta, que foi encaminhada ao Congresso pelo presidente Lula em março, foi um compromisso do petista firmado com Simone Tebet para garantir o apoio da então candidata do MDB  à presidência nas eleições do ano passado. 

“Este será mais um passo para avançarmos no enfrentamento à desigualdade no ambiente de trabalho, que se aprofundou durante a pandemia de Covid-19. Falar de igualdade salarial é falar sobre a emancipação das mulheres", disse a relatora do projeto na Câmara, Jack Rocha (PT-ES), ao defender a proposta na sessão desta quarta-feira. "A luta das mulheres é a promoção da implementação de programas de diversidade no ambiente de trabalho, que incluam capacitação de gestores, lideranças, empregadores”, completou. 

Fiscalização 

Para facilitar a fiscalização do Ministério do Trabalho, o texto aprovado determina às pessoas jurídicas de direito privado com 100 ou mais empregados a publicação semestral de relatórios de transparência salarial e remuneratória.

Os relatórios deverão conter informações que permitam aos fiscais comparar os valores recebidos por mulheres e homens, observada a legislação de proteção de dados pessoais. Caso o relatório não seja apresentado, caberá multa de até 3% da folha de salários, limitada a cem salários mínimos (hoje, R$ 132 mil).

Com essa documentação, cujo formato será definido por regulamento, deverá ser possível verificar a proporção da ocupação de cargos de direção, gerência e chefia preenchidos por mulheres e homens. Poderão ser analisadas outras possíveis desigualdades, decorrentes de raça, etnia, nacionalidade e idade.

Segundo o texto aprovado, quando for identificada desigualdade na análise do relatório, independentemente do descumprimento da CLT, a empresa deverá apresentar e implementar planos para reduzir diferenças, com metas e prazos.

Na elaboração desse plano será garantida a participação de representantes das entidades sindicais e de representantes das trabalhadoras e dos trabalhadores nos locais de trabalho.

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