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Bundestag aprova polêmico Orçamento de 2024 após meses de impasse

Parlamento alemão endossa fim escalonado dos subsídios ao diesel agrícola, decidido pelo governo após Justiça impor contingenciamento de gastos. Medida desencadeou protestos de fazendeiros em todo o país.

Por Deutsche Welle

O Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) aprovou nesta sexta-feira (02/02) Orçamento federal para o ano de 2024, incluindo a redução escalonada do subsídio ao diesel para veículos agrícolas, que foi o estopim de uma série de protestos de fazendeiros em toda a Alemanha.

O Orçamento de 477 bilhões de euros (R$ 2,55 trilhões), aprovado por 338 votos contra 279, inclui o valor de 39 bilhões de euros (R$ 209,2 bilhões) que corresponde exatamente ao limite chamado no país de "freio da dívida", o mecanismo que restringe o déficit orçamentário da Alemanha a 0,35% do PIB.

A proposta recebeu o apoio dos três partidos da coalizão governista – o Partido Social-Democrata (SPD), do chanceler federal Olaf Scholz; o Partido Liberal Democrático (FDP) e os Verdes –, que trabalharam nos últimos meses para tentar pôr fim a um impasse gerado por uma decisão do Tribunal Constitucional da Alemanha que inviabilizou a proposta do governo para o Orçamento de 2024.

Meses de negociações

A crise teve início em 15 de novembro, quando o Tribunal Constitucional determinou que o Orçamento alemão de 2024, que deveria ter sido aprovado em dezembro do ano passado, violava regras do "freio da dívida".

O tribunal, após ser acionado pela oposição conservadora, barrou os planos do chanceler de direcionar 60 bilhões de euros (R$ 321,9 bilhões) de sobras de um fundo de emergência instituído durante a pandemia para um fundo climático e de transformação, que visava fomentar uma revolução verde na Alemanha e modernizar a indústria do país.

Em 2021, a própria costura da coalizão do governo Scholz havia sido montada sobre a premissa que o governo seria capaz de contornar o freio e usar esses fundos para projetos defendidos pelos diferentes partidos que compõem o governo.

Fim dos subsídios

Após a decisão do tribunal, o governo teve de negociar soluções para readequar o Orçamento e deslocar fundos. O SPD, o FDP e os Verdes concordaram com um programa econômico que inclui, entre outros pontos, aumento de impostos sobre voos comerciais e o fim escalonado do subsídio ao diesel para veículos agrícolas – esta última desencadeou uma onda de protestos em todo o país.

Após forte pressão, o governo alemão acabou cedendo parcialmente aos agricultores e atrasando o fim dos subsídios para 2026, o que não serviu para aplacar a insatisfação do setor.

rc/ra (AFP, ots, DPA)

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