Brasileiro em Kiev diz que “sensação é de que qualquer um é espião russo”

Vladimir Granovski conversou com o BandNews TV por telefone e relatou tensão entre os civis do país: "Ao perguntar por um mercado, queriam saber de onde eu era"

Da redação, com BandNews TV

Na manhã deste domingo, dia 27, o BandNews TV conversou com Vladimir Granovski, brasileiro que mora em Kiev, na Ucrânia. Segundo ele, apesar dos bombardeios, a capital tem energia elétrica, água e internet. Contudo, nas poucas horas em que é permitido trafegar pelas ruas (o governo tem imposto toque de recolher obrigatório com anúncio de sirenes) há a sensação, entre os civis, de que “qualquer um é um espião russo”. 

“A cidade está vazia. Pessoas abandonaram a cidade e não se vê carro. Raramente passa um ou outro. Mas, as pessoas na rua andam com muita suspeita uma das outras. Existem vários grupos de sabotagem que descem de paraquedas, vestem uniformes militares e sabotam a cidade. Há sensação de que qualquer um é espião”, disse ele. “Ontem, perguntei para um casal na rua se tinha um supermercado aberto. Uma terceira pessoa, que não tinha entendido minha pergunta, veio agressiva para saber de onde eu era”, completou. 

Vladimir está em seu apartamento, no 20º andar de um prédio, desde quarta-feira, após seu trabalho cancelar as atividades. Nos últimos dias, segundo ele, foi possível comprar água e alimentos, porque os supermercados têm sido abastecidos por caminhões – situação diferente do início da última semana. “Caixas automáticos não tinham dinheiro, postos de gasolina não tinham combustível, supermercados estavam com prateleiras vazias, e rodovias abarrotadas. Algumas pessoas levaram mais de 30 horas para avançar 100 km, 120 km”, relembrou. “Até às 17h de ontem [sábado, 26], era possível sair na rua e ir aos mercados, que continuam sendo abastecidos por caminhões que entram nas cidades”, disse. Também neste sábado, Kiev acionou um novo toque de recolher. “Será obrigatório permanecer em casa até às 8h da manhã de segunda (28).  A rotina é ficar em casa e se esconder quando soa a sirene. Observar da janela de casa possíveis focos de incêndio. Vemos muitos helicópteros militares, jatos militares, foguetes, drones...”.

Com comida o suficiente para uma semana, Vladimir se comunica com a família no Brasil para tranquilizar os parentes. “Só quando começa a sirene, que avisa que podem acontecer bombardeios, nos escondemos dentro do banheiro, lugar que tem mais paredes para nos proteger, caso aconteça algum impacto com um prédio”.

4º dia de bombardeios

As tropas russas chegaram neste domingo (27) em Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia. Segundo a imprensa local, o governador teria pedido que os habitantes permaneçam em abrigos. 

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