O governo brasileiro decidiu pela concessão de vistos humanitários para afegãos que viraram refugiados após a retomada do poder do país asiático pelo grupo extremista Talibã desde o último dia 15 de agosto.
Após reunião com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a medida foi oficializada em nota na noite desta sexta-feira (3) pelos ministérios das Relações Exteriores e da Justiça, em ação semelhante que beneficiou haitianos e sírios. A portaria ainda não foi publicada.
As embaixadas em Islamabad, Teerã, Moscou, Ancara, Doha e Abu Dhabi estarão habilitadas a processar os pedidos, que serão prioritários a mulheres, crianças, idosos, pessoas com deficiência e seus respectivos familiares. Diferentemente do refúgio, o visto precisa ser pedido em alguma autoridade consular fora do Brasil, que não tem representação diplomática no Afeganistão.
A portaria atende à exigência da Lei de Imigração, de 2017, que prevê a necessidade de medida específica para a concessão de vistos humanitários para povos sob perseguição.
Com a volta do Talibã ao poder, as mulheres do país temem perder direitos políticos, educacionais e sociais conquistados nos últimos 20 anos. Antes da ocupação americana, elas eram impedidas de frequentar escolas tradicionais e forçadas a casamentos arranjados. O Talibã insiste que as leis não serão as mesmas agora, além de garantir que não vão retaliar opositores e afegãos que trabalhavam para as forças de ocupação.
Boa parte da comunidade internacional vê com ceticismo essa versão supostamente mais “moderada” do grupo.
Nas ruas, a situação ainda é crítica. Com bancos ainda fechados, os afegãos aguardam horas em filas para sacar dinheiro nos caixas eletrônicos. Mas o dinheiro vale cada vez menos. Desde a tomada do poder pelo Talibã, os preços dos alimentos já dispararam até 30%.