O despertador toca. Está na hora de levantar. A rotina começa sempre às 7h30 da manhã. Ricardo é motoboy e pula cedo da cama para enfrentar mais de 12 horas no batente. Ele mora com o pai e a namorada em um conjunto habitacional, na Vila da Paz, região de Interlagos, Zona Sul de São Paulo.
Com o capacete na mão e a bag nas costas sai de casa para mais um dia de luta, de segunda a sábado. São sete km de deslocamento até a região onde ele sabe que vai render mais entregas.
Nos dias de hoje, o trabalho dos motoboys é indispensável para os grandes centros urbanos. São esses profissionais que movimentam os negócios, principalmente do setor de alimentos. A categoria ganhou ainda mais espaço, em 2020, durante a pandemia da covid-19, onde o serviço de delivery teve um verdadeiro boom, em São Paulo.
De acordo com o Sindmoto, são 650 mil motociclistas em atuação. Desses 320 mil estão pelas ruas da capital. Demanda não falta, só que a remuneração não é tão boa.
Ricardo é pai de um garoto de 9 anos. Antes de tentar a sorte sobre duas rodas, ele era metalurgico. A ideia de encarar as ruas surgiu durante a pandemia. A renda da casa vem do trabalho como entregador. Para garantir um valor mensal é preciso passar mais de 12 horas em cima da moto.
Ricardo tem um ganho semanal de aproximadamente R$ 1200, média diária de 20 entregas. Desse valor, R$ 200 fica para o combustível e troca de óleo. Além disso, a cada seis meses ele tem que fazer uma revisão geral, trocas pneus, freio, embreagem e outros itens. Esse serviço custa cerca de R$ 1100.
Voltar para casa é sempre o objetivo principal e, claro, motivo de gratidão. Nessa categoria, infelizmente, tem gente que fica no caminho. Os motociclistas são os que mais se envolvem em acidentes, parte deles fatal. O perigo sobre duas rodas é o assunto da próxima reportagem da série / vida de motoboy.