Vida de motoboy: jovem entregador vê situação mudar após trágico acidente em SP

Na segunda reportagem da série, o programa Brasil Urgente conta a história do Marcelo

Daniel Oliveira

Na segunda reportagem da série ‘Vida de motoboy’, o Brasil Urgente conta a história do Marcelo. O jovem entregador viu a vida mudar depois de um trágico acidente.

Marcelo era manobrista em uma concessionária de veículos, mas o desemprego bateu a porta. Sem trabalho, ele decidiu usar a moto para garantir o sustento de casa. Foram oito meses no corre até a queda.

Os ferimentos foram graves. Duas fraturas em uma só perna, ambas expostas. O jovem passou por duas cirurgias e teve que colocar placas de fixação nos ossos. Marcelo não pode sair de casa. Ver o dia só através da janela do quarto.

O jovem motoboy mora com os pais. Trabalhava seis dias por semana e tirava uma média de três mil reais por mês. No momento do acidente, estava a caminho de mais uma entrega. Hoje, está parado a pouco mais de um mês. Não recebeu nenhum suporte da plataforma. E desamparado, a preocupação é com as contas que não param de chegar.

Dados do ministério da saúde apontam que mais de 1,2 milhão de pessoas foram hospitalizadas devido a acidentes de moto em 2023. Em 2024, de janeiro a outubro, 2.175 motociclistas morreram no trânsito no estado de São Paulo, de acordo com dados do Infosiga, é uma média assustadora de sete mortes por dia.

Nas ruas as histórias, como a do Marcelo se repetem. Muitos profissionais têm cicatrizes decorrentes de acidentes. Algumas sequelas são permanentes. O João perdeu uma perna após um longo dia de trabalho, em 2020, início do boom dos aplicativos por conta da pandemia.

O presidente do sindicato dos motociclistas pontua que para ser um entregador é necessário ter um smartphone, uma moto e a carteira de habilitação categoria a. Com isso, pessoas sem muita experiência acabam se arriscando no trânsito.

Na emergência dos hospitais, os motociclistas são maioria. Para tentar reduzir os autos índices de acidentes de motos, em São Paulo foi implantada nas principais avenidas a faixa azul, aquele corredor, no meio da via, somente para motos. Quem já viveu cenas como essas repensa na profissão.

Em nota, o Ifood garantiu que todos os entregadores ativos na plataforma contam com seguro pessoal para casos de acidentes durante o trabalho, incluindo despesas médicas, indenização por invalidez ou lesão temporária, entre outras coberturas. 

No caso do Marcelo, não foi encontrado nenhum registro de pedido de suporte por acidente ou acionamento da seguradora. O time do Ifood vai entrar em contato com o parceiro para orientá-lo e oferecer a assistência necessária.

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