Diante da disparada de crimes envolvendo o Pix, o Procon-SP, órgão de defesa do consumidor, entrou em contato com o Banco Central para pedir que a ferramenta de transferência instantânea seja suspensa temporariamente.
Em reunião com técnicos do BC, o diretor-executivo da entidade, Fernando Capez, pediu a paralisação de todas as transações até que novas medidas de segurança sejam adotadas. Segundo ele, o Pix tem sido uma “prestação de serviço perigosa e defeituosa”.
“O Procon-SP fez ver à diretoria o aumento vertiginoso de latrocínios, roubos e sequestros relâmpagos ligados ao Pix e pediu providências. A primeira é que fosse suspenso o funcionamento temporariamente, o que eles não aceitam em hipótese alguma. Outra alternativa seria limitar a todos os usuários o valor máximo de utilização, fixando em R$ 500 durante o mês”, explicou Capez ao Brasil Urgente.
Segundo ele, levantamentos mostraram que mais de 90% dos usuários do Pix não costumam ultrapassar esse valor em suas transferências.
“O Procon-SP ainda fez ver que um laranja abre conta em uma instituição financeira e não há nenhum controle prévio. Essa conta fica ali, o valor é transferido para ela, completamente sacado sem comunicação ao Coaf e o laranja desaparece. Pedimos para que, durante os 30 primeiros dias de abertura de novas contas, não se pudesse usar o Pix sem estorno”, completou.
Capez destacou que a conversa foi de “alto nível” e que o Banco Central prometeu estudar todas as possibilidades.
Enquanto isso, o Procon-SP pretende começar a responsabilizar os bancos pelos prejuízos causados aos consumidores em golpes aplicados via Pix. A multa pode chegar a R$ 10 milhões.
“O Código de Defesa do Consumidor é claro. O Procon-SP, recebendo as reclamações, e já recebemos 2,5 mil, irá autuar o banco e conduzir a conversa para que o cliente seja ressarcido.”
“Quadrilhas do Pix”
O Brasil Urgente tem mostrado diariamente casos de violência, roubos, golpes e sequestros de quadrilhas atraídas pela facilidade de conseguir muito dinheiro em pouco tempo.
Em agosto, o Banco Central anunciou uma série de mudanças para ampliar a segurança da ferramenta, incluindo o limite de R$ 1 mil para transferências no período noturno.
A medida, que não tem prazo para ser implantada, no entanto, é alvo de críticas por parte do Procon-SP. O órgão acredita que o limite pode fazer com que sequestradores fiquem em poder das vítimas até o dia seguinte para conseguir efetuar os roubos.