A Polícia Federal encontrou um ‘discurso do golpe’ na sede do Partido Liberal, presidido por Valdemar Costa Neto, e tem como integrante o ex-presidente Jair Bolsonaro. A apreensão do documento, que decretaria estado de sítio após vitória de Lula nas eleições, ocorreu na operação que mira aliados do ex-presidente nesta quinta-feira (8).
Delegados da Polícia Federal confirmaram ao repórter Caiã Messina que o documento seria um tipo de discurso e questionam Valdemar Costa Neto sobre ele. O presidente do PL está preso por posse ilegal de arma, encontrada na casa dele.
Há termos muito usados por Bolsonaro, como ‘tudo dentro das quatro linhas da Constituições’. O texto não tem data, nem assinatura. Os investigadores chegaram na sede da PF em Brasília com documentos, computadores e celulares, que serão periciados.
Operação da PF
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (8) a Operação Tempus Veritatis para apurar uma organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente Jair Bolsonaro no poder.
Jair Bolsonaro é alvo da operação da Polícia Federal e deu 24 horas para que o ex-presidente da República entregue o passaporte. Segundo a colunista da Rádio BandNews FM, Mônica Bergamo, a PF foi a Angra dos Reis para buscar documento e celular de assessores dele.
O advogado e ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo Bolsonaro, Fabio Wajngarten, declarou que o ex-presidente entregará o passaporte às autoridades competentes.
“Em cumprimento às decisões de hoje, o presidente Bolsonaro entregará o passaporte às autoridades competentes. Já determinou que seu auxiliar direto, que foi alvo da mesma decisão, que se encontrava em Mambucaba, retorne para sua casa em Brasília, atendendo a ordem de não manter contato com os demais investigados”, escreveu o advogado do ex-presidente.
Além de Bolsonaro, alguns dos alvos da operação são: o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, os generais Augusto Heleno e Braga Netto, o presidente do PL Valdemar Costa Neto, ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e o ex-assessor Tercio Arnaud.
O que aponta a investigação
Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.
O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.
O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, por meio de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.
“O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal”, informou a PF. Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.