A investigação do DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa) ainda não identificou quem matou dois membros importantes do PCC nesta semana. Mas entende que os tiros foram feitos por um assassino profissional, que estava em um carro com placa falsa.
O atirador, que provavelmente já matou muitas pessoas, executou Anselmo Becheli Santa Fausta, “Cara Preta”, um dos principais líderes do tráfico no PCC, e “Sem Sangue”, braço direito dele na facção.
Agora resta saber se o crime foi fruto de uma desavença com um bandido que prestava serviços ao PCC ou se outros chefões do crime organizado contrataram o capanga para matar o “Cara Preta”.
A Polícia já sabe que o traficante morto e o secretário viviam na região onde o crime foi cometido, no Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo. Mas eles foram seguidos por um espaço curto, dois quarteirões, por alguém que conhecia ou investigava a vida do alvo.
A cena do atentado e as imagens do crime deixam muito claro: o único objetivo do atirador era matar os ocupantes do carro ao lado. O crime foi registrado de vários ângulos. É possível ver a aproximação do carro das vítimas, e testemunhas chegaram a apontar que os tiros partiram de um Pálio – o motorista atira com a mão esquerda.
Peritos do instituto de criminalística fizeram uma perícia detalhada no carro dos membros do PCC e verificaram cada detalhe. Mas como o atirador não encostou na lataria ou nos vidros, não há impressão digital ou material biológico do assassino. A placa do veículo usado no crime era falsa.
Outros envolvimentos do “Cara Preta”
Investigações sobre o roubo de 770 quilos de ouro no aeroporto de Guarulhos em 2019 apontam que “Cara Preta” financiou aquela ação. Parte da quadrilha envolvida no roubo milionário foi presa, e alguns integrantes foram até condenados pelo roubo da carga, hoje avaliada em mais de R$ 250 milhões.
De acordo com o Ministério Público, o traficante morto era peça chave da logística do tráfico internacional de drogas e responsável pela rota da cocaína entra a Bolívia, o Brasil e a Europa. É o setor mais lucrativo dentro do crime organizado, que deu fortunas a nomes como Gegê do Mangue, André do Rap e Anderson Gordão.
Apesar da posição de destaque no crime organizado, “Cara Preta” foi preso poucas vezes, e sempre por crimes menores. Era considerado pela polícia um alvo difícil, por ser um criminoso discreto.
No momento da execução, ele estava em um carro simples, como preferia, justamente pra não chamar a atenção. Mas o motorista do veículo levava nos bolsos e na jaquetas maços com grande quantidade de dinheiro.